O recente pronunciamento do prefeito David Almeida (Avante) envolvendo a aquisição de um radar meteorológico mexicano de alta precisão, que pode custar até R$ 40 milhões, foi tema de debate entre os vereadores da capital amazonense nesta segunda-feira (24/03).
A oposição, contrária à compra, argumenta que o valor deveria ser destinado a ações diretas de apoio às famílias em áreas de risco, enquanto a base aliada defende a necessidade de obter dados precisos para planejar e proteger a população.
Zé Ricardo (PT) criticou o investimento, que, segundo ele, poderia ser melhor aplicado em ações de prevenção, como a desapropriação de áreas de risco e a construção de novos loteamentos para abrigar as famílias ameaçadas por deslizamentos de terra.
“A reação da prefeitura, na figura do prefeito, não é de trazer investimentos, de ações efetivas, de garantir um outro espaço de moradia para as famílias, de ações em relação à estrutura que nós temos de áreas de risco, mas é dizer que vai ter um gasto na compra de um radar, um radar para prever chuva e um gasto de, estima-se em torno de 40 milhões de reais. (…) Não tem sentido o prefeito querer gastar milhões no equipamento que não vai resolver nada”, disse o vereador em entrevista ao Diário.
Por outro lado, o vereador Gilmar Nascimento (Avante) defendeu a aquisição do radar, ressaltando que a medida é baseada em estudos técnicos que identificaram a necessidade de um equipamento mais preciso para monitorar as chuvas em Manaus.
“A Prefeitura não decide comprar um equipamento simplesmente que é desnecessário. Ela compra porque fez um estudo técnico e viu que há uma necessidade. Manaus continua dependendo de informações de outros estados, dependendo de informações do Instituto Nacional de Pesquisa. Não, Manaus tem que ser inserida, Manaus tem que avançar. Uma cidade que tem gestão precisa ter dados precisos importantes para fazer planejamento para garantir a segurança da população”, alegou Nascimento.
O vereador também afirmou que a compra do radar não irá prejudicar os investimentos em drenagem e infraestrutura, que são responsabilidade da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf). Ele finalizou afirmando que o equipamento será um complemento importante para o planejamento e a segurança da população.
“Drenagem é uma coisa, a Seminf cuida da questão social, da questão das áreas de risco e de proteger. Se a Defesa Civil aponta, olha, nós temos um aparelho que realmente vai nos ajudar muito para que a gente saia na frente, a gente consiga ter uma prevenção, eu acho que a gente tem que entender e compreender isso. O custo, a gente tem que olhar. Quanto vale uma vida? Quantas pessoas podem morrer? E com dados importantes, a gente consegue se precaver, mas nós não temos esse equipamento”, disse o parlamentar.
Já Raiff Matos (PL), quando consultado, sugeriu a realização de uma auditoria ou de um debate mais aprofundado sobre a necessidade real do equipamento. “Isso precisa ser debatido aqui dentro, precisa trazer esse projeto para cá, precisa fazer, por que não, uma auditoria, uma tribuna popular para que nós venhamos realmente debater e ver se realmente possamos ter ou não essa tecnologia aqui na cidade de Manaus”, afirmou Matos.
Aquisição milionária
Em defesa da compra, o prefeito David Almeida (Avante) explicou que o radar faz parte de um investimento a longo prazo para a cidade e é uma ferramenta essencial para lidar com os riscos climáticos. Ele destacou que Manaus é uma das cidades brasileiras com as maiores áreas de risco e que a compra do radar visa não apenas prever chuvas, mas também antecipar ações de prevenção e proteção para as famílias em situação de vulnerabilidade.
“Nós estamos com essa empresa mexicana negociando o radar mais moderno da banda S. E é um custo muito alto, mas eu tenho falado que esse custo, na verdade, vai servir de investimento. Ele vai ser instalado e ele tem como fazer a medição num raio de 300 a 400 quilômetros. Ele é bem mais preciso. Ele vai dizer a quantidade [de chuva], o local de maior incidência de chuva e vai alertar com até 3h de antecedência. Já faz parte do investimento da prefeitura. Isso custa mais caro do que um viaduto, mas é necessário porque nós somos a cidade do Brasil que temos as maiores áreas de risco“, afirmou o prefeito em coletiva no dia 20 de março.