A recente postura do governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), ao apoiar publicamente a anistia aos envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro e se alinhar a Jair Bolsonaro (PL) provocou reações diversas entre vereadores da Câmara Municipal de Manaus (CMM). O apoio de Lima à proposta de anistia, defendida por Bolsonaro e aliados, se deu durante um evento em São Paulo no último domingo (6), onde o governador subiu ao palco e declarou “sim” à medida, que busca conceder perdão a aqueles que participaram dos ataques contra os Três Poderes.
Para o vereador Zé Ricardo (PT), o apoio do governador à anistia representa um alinhamento com aqueles que, segundo ele, atacaram a democracia e tentaram derrubar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O parlamentar também lembrou o impacto da gestão de Lima durante a pandemia de Covid-19, afirmando que o Amazonas foi um dos estados mais afetados pela crise sanitária. Antes de ir ao evento, Lima testou positivo para Covid-19.
“Nós tivemos aqui no Amazonas mais de 14 mil pessoas que morreram devido a Covid. O negacionismo do governador com certeza contribuiu com muitas dessas mortes, e assim a nível de Brasil com o presidente de então. E nós estamos vendo hoje essa informação de que o governador foi para um ato lá em São Paulo para apoiar a anistia daqueles que tentaram um golpe de estado. E aí o governador vai lá para apoiar isso? Será que ele tá apoiando essa tentativa de assassinato do presidente da República? Não dá para aceitar”, iniciou o vereador.
Em seguida, Zé Ricardo se voltou para o deputado Sinésio Campos, presidente do PT no Amazonas, sugerindo que ele considerasse a posição dentro do governo de Wilson Lima.
“Quero dizer ao meu companheiro, o deputado Sinésio Campos, que é presidente do PT, que saia desse governo. Entregue às secretarias e os cargos que ocupa. Ele precisa escolher: ou está ao lado do PT e do Lula, ou está ao lado dos golpistas, do governador e dessa turma que tentou assassinar o Lula”, declarou.
Em contrapartida, o vereador Coronel Rosses (PL) procurou minimizar a polêmica sobre a anistia, alegando que a questão envolve uma divisão partidária que não deveria ser debatida no contexto da Câmara Municipal de Manaus. “Não vale a pena a gente debater aqui, porque nós temos muitos argumentos sobre essa questão da anistia que coloca, realmente, a gente, numa condição de um ato desumano praticado contra aquelas pessoas que se cometeram algum tipo de crime, eu acho que já receberam mais do que a pena suficiente”, disse Rosses.
Logo em seguida, Raulzinho (MDB) também se posicionou contra a aliança entre Lima e Bolsonaro, dizendo se sentir culpado por ter apoiado o atual governador. “Eu votei, ajudei esse governador que está aí. Votei no presidente Bolsonaro em determinado momento. Sabe por que eu tomei a decisão de não votar mais? Porque eu acompanhei a dor de perto, e hoje esses corpos se encontram nos cemitérios da nossa cidade”, disse o vereador em alusão a pandemia de Covid-19.
O evento pró-anistia
Antes do evento, Lima chegou a reforçar o discurso sobre a necessidade de um “diálogo” e de um movimento para “pacificar” a política nacional. “Juntos pelo diálogo, pela pacificação na política e pelo perdão. É hora de seguir em frente e trabalhar por dias melhores para nosso país!”, declarou o governador nas redes sociais.
O apoio de Wilson Lima à anistia, defendida por Bolsonaro, vem no momento em que o ex-presidente, mesmo inelegível até 2030, sinaliza a intenção de voltar à cena política nas eleições de 2026.
“Eleições 2026 sem Jair Bolsonaro é negar a democracia, escancarar a ditadura no Brasil. Se o voto é a alma da democracia, a contagem pública do mesmo se faz necessária”, disse o ex-presidente. O evento reuniu aproximadamente 44,9 mil manifestantes.