Após meses de trabalho, três Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) na Câmara dos Deputados encerraram sem chegar a votar relatórios finais ou fazer indiciamentos. As CPIs foram instaladas em maio para investigar temas diversos, incluindo a atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), inconsistências contábeis no Grupo Americanas, e a manipulação de resultados de partidas de futebol.
A CPI do MST teve seu prazo de funcionamento encerrado sem a votação do relatório final. O deputado Ricardo Salles (PL-SP) havia pedido o indiciamento de 11 pessoas, incluindo o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, e o líder da Frente de Luta Campo e Cidade, José Rainha. O relator acusou o movimento de práticas de abusos contra assentados e se apropriar de recursos públicos. No entanto, um pedido de vista adiou a votação do parecer final.
A CPI das Americanas aprovou o relatório final, mas não apontou responsáveis pelo rombo de R$ 20 bilhões na empresa. Alguns membros da comissão alegaram que houve uma tentativa de "blindar" os principais acionistas da empresa, que não foram ouvidos pela CPI. O ex-CEO da empresa, Miguel Gutierrez, apontou o envolvimento dos controladores na fraude. O relator, Carlos Chiodini (MDB-SC), justificou que não havia elementos suficientes para indiciar pessoas pelo prejuízo milionário.
A CPI da Manipulação de Resultados no futebol também encerrou sem votar o relatório final do deputado Felipe Carreras (PSB-PE). Alguns deputados pediram vista do parecer, alegando não concordar com as conclusões do relator, especialmente no que diz respeito à não responsabilização de empresas de apostas. Carreras planeja levar adiante projetos de lei relacionados ao tema, visando combater crimes empresariais e melhorar a fiscalização do mercado de apostas esportivas.
As CPIs se encerram sem conclusões definitivas, deixando questões pendentes sobre os temas investigados.