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Senadores e Fórum de Mulheres de Manaus reagem a fala de Plínio Valério contra Marina Silva

Para Zenaide Maia (PSD-RN), a declaração de Plínio representou uma violação grave dos direitos das mulheres, sendo uma clara manifestação de violência de gênero.

Escrito por
Rhyvia Araujo
March 20, 2025
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Foto: Andressa Anholete / Agência Senado

As declarações do senador Plínio Valério (PSDB-AM) contra a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, na última sexta-feira (14), geraram forte indignação entre senadoras e organizações. O parlamentar mencionou a intenção de enforca-la, o que provocou uma onda de repúdio. Em resposta, a procuradora Especial da Mulher do Senado, Zenaide Maia (PSD-RN), se manifestou contra a atitude do senador e solicitou um pedido público de desculpas. Para Zenaide, a declaração de Plínio representou uma violação grave dos direitos das mulheres, sendo uma clara manifestação de violência de gênero.

“Toda a minha solidariedade à ministra Marina Silva. Se o senador agrediu uma ministra, agrediu também a todas nós parlamentares e a todas as brasileiras. Todas nós somos Marina”, afirma a nota”, afirmou Zenaide.

A senadora Leila Barros (PDT-DF) condenou veementemente as palavras de Plínio, destacando que, independentemente do contexto, seja em forma de piada ou brincadeira, tal atitude não é aceitável. Ela enfatizou que figuras públicas devem dar o exemplo e respeitar as mulheres em qualquer situação. Para Leila, essa atitude representa o tipo de violência que as mulheres enfrentam cotidianamente.

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) também pediu desculpas públicas por parte de Plínio Valério, argumentando que a divergência de ideias é uma prática democrática, mas declarações que incitam ódio e discórdia são inaceitáveis. 

“Ter falas que incitam, por exemplo, o ódio, a discórdia, é algo terrível e não se pode admitir. Isso é inaceitável, isso é inadmissível”, afirmou Gama, se referindo às palavras do senador.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, classificou a fala de Plínio como “infeliz” e destacou que tal comentário alimenta ainda mais a polarização do país, sendo um “combustível” para atos de violência. Segundo ele, uma fala desse tipo prejudica os esforços para reduzir a violência na sociedade brasileira. “Uma fala dessa só serve como combustível para essas agressões”, disse Alcolumbre.

Em resposta às críticas, o senador Plínio Valério subiu à tribuna do Senado, defendendo que a declaração havia sido apenas uma “brincadeira”. Plínio se justificou dizendo que, durante um momento de descontração, comentou sobre a BR-319, afirmando em tom de brincadeira que seria difícil passar seis horas com Marina Silva sem “enforcá-la”. O senador garantiu que não teve a intenção de ofender a ministra e disse que, embora não estivesse arrependido, não repetiria a fala.

“Brinquei fora de hora, mas não me excedi. Se me perguntarem se faria de novo, não faria. Mas não estou arrependido, pois não ofendi a ministra”, explicou Plínio.

Apoio a Plínio

Alguns parlamentares, como Márcio Bittar (União-AC) e Eduardo Girão (Novo-CE), saíram em defesa de Plínio, argumentando que ele foi desrespeitado pela ministra em outros momentos e que a fala deveria ser vista no contexto de um desabafo. Bittar, que foi relator da CPI das ONGs, declarou que Plínio estava certo em seu posicionamento, enquanto Girão o descreveu como uma pessoa equilibrada.

Sérgio Petecão (PSD-AC) também considerou que Plínio falava em tom de brincadeira, mas lembrou que Marina Silva é uma das maiores personalidades do país e do mundo, sendo motivo de orgulho para seu estado.

Denúncia do Fórum de Mulheres de Manaus

Em paralelo às reações políticas, o Fórum Permanente de Mulheres de Manaus, junto com diversas organizações feministas, protocolou uma denúncia formal à Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Plínio Valério por violência política de gênero e raça. 

Marília Freire, coordenadora do Fórum, explicou que tais falas são parte de uma cultura de violência contra as mulheres e não devem ser ignoradas. A denúncia destaca que as palavras de Plínio Valério violam a Lei nº 14.192/2021, que combate a violência política contra mulheres, além de configurar possíveis crimes de injúria, incitação ao crime e apologia ao crime, conforme o Código Penal.

O Fórum e as entidades signatárias solicitam que a PGR tome as providências legais para responsabilizar o senador e garantir a integridade das mulheres no processo político, destacando o impacto negativo de tais declarações, especialmente para mulheres negras e marginalizadas em espaços de poder.

“Essa violência contra a ministra também é um atentado à participação feminina na política e uma demonstração da hostilidade enfrentada por mulheres, especialmente as negras, nesses espaços”, conclui a nota.

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