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Oposição pede quebra de sigilo bancário para investigar viagem de David Almeida ao Caribe

O pedido da oposição questiona se a viagem à ilha de St. Martin, no Caribe, foi custeada com recursos próprios ou financiada por terceiros.

Escrito por
Rhyvia Araujo
March 12, 2025
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Foto: Divulgação / Internet

A ida do prefeito de Manaus ao Caribe gerou um pedido da oposição para que a Justiça quebre o sigilo bancário de David Almeida (Avante). Além disso, um requerimento solicitando esclarecimentos sobre os custos da viagem foi apresentado, nesta quarta-feira (13/03), na Câmara Municipal de Manaus (CMM). 

O vereador Rodrigo Guedes (PP), um dos opositores, afirmou que o prefeito precisa explicar quem arcou com as despesas, já que os custos são considerados “milionários”, o que, para ele, levanta suspeitas de possíveis irregularidades com recursos públicos ou fornecedores da prefeitura. 

Apesar do movimento da oposição, a base aliada de Almeida conseguiu barrar o avanço do requerimento. O documento, que questionava se a viagem à ilha de St. Martin, no Caribe, foi custeada com recursos próprios ou financiada por terceiros, foi barrada por 19 votos contrários e 11 votaram a favor. 

Antes disso, opositores de Almeida subiram à tribuna para se posicionar sobre o caso. Guedes, autor do requerimento, sugere possíveis irregularidades e defende a quebra de sigilo como ferramenta de investigação. 

“Todo mundo sabe que a gente não tem nada a ver com a vida pessoal do prefeito, mas nós somos fiscais do dinheiro do povo. É só seguir o dinheiro, é só quebrar o sigilo do prefeito. É um caso muito claro de suspeita gravíssima de corrupção. A gente não pode assistir os escândalos acontecerem”, disse Guedes em entrevista ao Diário da Capital.

O vereador Eduardo Alfaia (Avante), líder de Almeida na CMM, rebateu as acusações, defendendo que a viagem foi de caráter pessoal e sem envolvimento de recursos públicos. Segundo Alfaia, o prefeito não utilizou diárias nem recursos públicos para arcar com os custos da viagem, e a situação já foi devidamente esclarecida. 

“Senhor presidente [David Reis], primeiro uma orientação de votação pela derrubada do requerimento de forma muito clara, esse período de afastamento que o prefeito teve, respeitou os trâmites legais. O prefeito fez o encaminhamento, é uma viagem particular. O prefeito não fez viagem utilizando recursos públicos, não fez uso de servidores públicos. Isso está devidamente esclarecido”, afirmou Alfaia.

O vice-líder de Almeida, vereador Raulzinho (MDB), também se posicionou em defesa da privacidade do prefeito, argumentando que questões pessoais não devem ser usadas para fins políticos. “O prefeito não pode dar informações da sua vida particular. A gente não pode aprovar requerimento de cunho político”, disse Raulzinho.

Em defesa do requerimento, o vereador Capitão Carpê (PL) também se manifestou, destacando que a postura de um líder público deve ser transparente, independentemente de tratar-se de uma viagem pessoal ou não.

“Parece que a base não leu o requerimento do vereador Rodrigo Guedes. No momento em que o prefeito se torna um homem público, eu tenho não só obrigação, tenho dever de dar explicações sobre os meus passos”, declarou Carpê.

Já o vereador Rosinaldo Bual (Agir) criticou o que considera uma perseguição constante ao prefeito David Almeida e alertou para o risco de se entrar em um ciclo interminável de investigações baseadas em suposições:

“A gente tem que ter mais coerência com as nossas palavras e ter um cuidado. A vida pessoal de cada um aqui não diz respeito a ninguém. Já tem um tempo que tem uma perseguição com o prefeito David Almeida. Se formos entrar nessa linha, daqui a pouco isso não tem fim”, afirmou Bual.

Ele ainda fez uma analogia, sugerindo que seria igualmente inadequado questionar os gastos pessoais de outros vereadores, como procedimentos estéticos, e pediu mais respeito e seriedade nas discussões.

“Vou dar um exemplo, vereador Carpê, o senhor que faz vários procedimentos estéticos e gosta de cuidar da sua beleza, já pensou se eu meto um requerimento para saber quanto o senhor gastou com o seu procedimento capilar? Se é compatível com o seu salário? Temos que manter o respeito”, finalizou.

Ao Diário da Capital, o vereador Jander Lobato (PSD) enfatizou ser irrelevante a quebra de sigilo e que a Câmara precisa focar em questões que beneficiem a população.

“Só questionar, brigar, questionar, é importante que todos façam seu papel, mas é importante que possamos trazer soluções. A vida particular de cada um pertence a cada pessoa, eu não trabalho nessa situação, não converso sobre isso. [Sobre a quebra de sigilo] eu não vejo necessidade disso”, pontuou Lobato.

O vereador Raiff Matos (PL) se posicionou de maneira mais neutra, destacando uma possível postura de representar a população sem se alinhar diretamente com a oposição ou com o prefeito.

“No campo de apoiar o Executivo eu sou neutro, né? Tem horas que eu apoio, cobro também. As informações são novas, estou de olho em tudo. É cedo ainda, mas estou de olho nos fatos para ver a veracidade, porque existe uma guerra de narrativa. Irei me posicionar em outro momento assim que tiver todas as provas do que aconteceu ou não sobre essa questão do prefeito de Manaus”, afirmou Raiff.

Votaram contra: Paulo Tyrone (MDB), Marco Castilho (UB), Sérgio Baré (PRD), Kennedy Marques (MDB), Rosinaldo Bual (Agir), Raulzinho (MDB), Allan Campelo (Podemos), Professor Samuel (PSD), Jander Lobato (PSD), Elan Alencar (Agir), Eduardo Alfaia (Avante), Eduardo Assis (Avante), Sabino (Republicanos), Yomara Lins (Podemos), Saimon Bessa (UB), Janjão (Agir), Pai Amado (Avante), Gilmar Nascimento (Avante) e João Carlos (Republicanos).

Votaram a favor:  Guedes (PP), Rodrigo Sá (PP), Thaysa Lippy (PRD), Capitão Carpê (PL), Salazar (PL), Coronel Rosses (PL), Zé Ricardo (PT), Ivo Neto (PMB), Prof. Jacqueline (UB), Everton Assis (UB) e Diego Afonso (UB).

Denúncia no MP

Em entrevista ao Diário da Capital, o vereador Coronel Rosses (PL) afirmou que levou a denúncia ao Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM). As denúncias foram recebidas, autuadas e encaminhadas pela Secretaria-Geral do órgão ao Centro de Apoio Operacional de Proteção e Defesa dos Direitos Constitucionais do Cidadão, dos Direitos do Consumidor e da Defesa do Patrimônio Público (CAO-PDC) para distribuição às Promotorias de Patrimônio e posterior instauração de Notícia de Fato (fase inicial). 

A representação do parlamentar municipal, integrante da oposição na Câmara Municipal de Manaus (CMM), pede esclarecimentos sobre os gastos da viagem, incluindo detalhes sobre passagens, hospedagens e outros custos, enfatizando a necessidade de responsabilidade no uso de recursos públicos, especialmente em um momento de desafios econômicos para a cidade. 

A denúncia também corrobora a afirmação do deputado federal Capitão Alberto Neto (PL), que, em vídeo gravado ontem (11/03), alegou que a viagem teria custado cerca de R$ 1,2 milhão. Em entrevista ao Diário, Rosses confirmou que a oposição está conduzindo uma investigação para apurar os detalhes dos custos e esclarecer a veracidade dos fatos.

“Nós solicitamos do Ministério Público Federal e Estadual que seja quebrado o sigilo bancário de todos eles. Isso foi uma conversa de todos os parlamentares de oposição que estão investigando isso aí, foi uma conversa com empresários e principalmente com policiais da Interpol que eu conversei e que atuam naquela área do Caribe que me passaram essas informações”, disse.

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