O hacker Walter Delgatti Neto, conhecido por ter vazado mensagens atribuídas a autoridades como Sergio Moro e integrantes da Lava Jato em 2019, prestou depoimento à CPI dos Atos Golpistas e revelou detalhes surpreendentes. Ele afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro prometeu a ele um indulto caso fosse preso ou condenado por sua atuação relacionada às urnas eletrônicas.
Segundo Delgatti, essa promessa foi feita durante uma reunião no Palácio da Alvorada, intermediada pela deputada federal Carla Zambelli, antes das eleições de 2022. Nessa reunião, Bolsonaro teria questionado o hacker sobre a possibilidade de invadir as urnas eletrônicas para testar sua lisura. Além disso, ele teria sugerido que Delgatti autenticasse a lisura das eleições por meio de sua atuação técnica.
O hacker também revelou que durante o encontro, houve a oferta de um emprego a ele e a sugestão de que criasse um código-fonte falso para sugerir a vulnerabilidade das urnas eletrônicas. A proposta teria partido do marqueteiro Duda Lima, em conjunto com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e outras pessoas ligadas à deputada Carla Zambelli.
Delgatti explicou que, inicialmente, a ideia era que ele inspecionasse o código-fonte das urnas eletrônicas, mas os servidores do Ministério da Defesa explicaram que esse código estava somente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e que apenas servidores poderiam acessá-lo. Por isso, segundo ele, os servidores do Ministério da Defesa repassavam a ele informações sobre o código-fonte, mas sem entregar a íntegra do mesmo.
A revelação de Delgatti também trouxe à tona a relação com Carla Zambelli. Ele afirmou que recebeu R$ 40 mil da deputada para realizar serviços e que ela prometeu a ele um emprego na campanha de Bolsonaro. Além disso, Delgatti mencionou que o falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes foi redigido por Zambelli.
