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Fevereiro Laranja: campanha evidencia falta de estrutura para transplante de medula óssea no Amazonas

Em Manaus, o Hospital do Sangue se apresenta como uma importante alternativa para aumentar a capacidade de atendimento a pacientes que precisam de tratamentos especializados, como o transplante de medula óssea.

Escrito por
Clara Gentil
February 11, 2025
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Foto: Divulgação

No mês dedicado à conscientização sobre prevenção, diagnóstico e combate à leucemia durante a campanha Fevereiro Laranja, o Amazonas enfrenta desafios significativos no tratamento da doença. O estado possui apenas um hemocentro e não realiza transplante de medula óssea, de acordo com o Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME). 

Em Manaus, o Hospital do Sangue se apresenta como uma importante alternativa para aumentar a capacidade de atendimento a pacientes que precisam de tratamentos especializados, como o transplante de medula óssea. Porém, embora as obras tenham começado em 2014, o projeto sofreu uma paralisação em 2017 e foi retomado dois anos depois. Mais de dez anos e algumas gestões depois, o Governo do Amazonas prevê a entrega da obra para o primeiro semestre de 2025.

Foto: Divulgação/Hemoam

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa para novos casos de leucemia no Brasil é de 11.540, sendo 6.250 em homens e 5.290 em mulheres. Atualmente, a Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam) trata cerca de 300 pacientes, entre adultos e crianças, mas não disponibilizou informações sobre quantos desses casos necessitam do transplante.

A leucemia é o tipo de câncer mais comum a ser diagnosticado na infância e adolescência, como explica a médica hematologista pediatra Cinthia Xerez.

O tipo mais comum de câncer na infância, entre 0 e 19 anos, é a leucemia, que tem origem nas células precursoras do sangue presentes na medula óssea”, disse a especialista. 

Doadores registrados

No Amazonas, o número de doadores registrados no REDOME foi de 381 em 2024, uma queda significativa se comparado a 608 novos doadores registrados em 2023. 

A quantidade exata de pacientes que aguardam transplante de medula óssea no estado ainda não foi divulgada pelo Hemoam. Por meio de nota, a fundação informou que o levantamento completo sobre a demanda está em processo de atualização.

Diagnóstico e Tratamento

Apesar do grande número de casos, a leucemia pode ter cura. A doença possui diversos tipos, podendo afetar qualquer faixa etária, mas principalmente crianças e adolescentes. Alguns sintomas podem levantar suspeitas nos médicos, como fraqueza, cansaço, sonolência, sangramentos, manchas roxas pelo corpo e infecções.

A leucemia tem sintomas variados. Em geral, a leucemia linfóide aguda tem início mais rápido, com o surgimento de manchas pelo corpo, anemia, febre, mal-estar e algumas alterações em exames como hemograma”, explica a hematologista. 

De acordo com a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), a taxa de cura da Leucemia Linfóide Aguda (LLA) em crianças e adolescentes pode chegar a até 90%. Esse é o tipo mais frequente de leucemia nesta faixa etária.

Um exemplo inspirador é o caso de Aline Gibson dos Santos, de 18 anos, diagnosticada com leucemia aos 6 anos. Após o tratamento de quimioterapia, Aline passou mais 10 anos entre idas e vindas ao hospital até que, na última quarta-feira (5), ela finalmente tocou o sino da cura.

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Aline (ao centro da imagem) com amigos, familiares e membros do Hemoam – Foto: Renata Barreiros 

Eu era muito jovem, não lembro de muita coisa, apenas que foi um momento muito difícil para minha família. Eu tive que ficar um ano afastada da escola, não podia ficar sem usar máscara, meu cabelo caiu. Foi bem difícil, mas hoje eu só sinto muita gratidão”, relatou Aline, emocionada.

Segundo a Dra. Xerez, o tratamento da leucemia é longo, com sessões de quimioterapia e, em alguns casos, pode necessitar a realização de um transplante de medula óssea (TMO). A escolha do tratamento depende, em parte, do tipo de leucemia diagnosticada.

Em geral, o tratamento com quimioterapia dura entre dois anos e meio e três anos, dependendo da gravidade e do tipo de leucemia. Após esse período, o paciente continua sendo acompanhado com exames de sangue regulares a cada seis meses, por mais 10 anos. Se não houver recidivas, o paciente é considerado curado”, esclarece a médica.

Atualmente, existem 12 tipos de leucemia, sendo as mais comuns a leucemia mieloide aguda (LMA), a leucemia linfoide aguda (LLA), a leucemia mieloide crônica (LMC) e a leucemia linfoide crônica (LLC).

Hospital do Sangue

Apesar da previsão de entrega da unidade ser para o primeiro semestre de 2025, o Hemoam esclareceu que a conclusão da obra ainda depende de melhorias como instalações elétricas, hidráulicas e hidrossanitárias, além da instalação de forro e compra de equipamentos. 

Segundo a fundação, esses trabalhos estavam previstos para serem finalizados em janeiro deste ano. Questionados sobre o possível término das obras ou uma nova data para entrega, não houve resposta. 

A reportagem também entrou em contato com a SES-AM para saber a data de inauguração, mas não obteve retorno até o momento. O espaço segue aberto para manifestações.

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