Pesquisadores brasileiros e norte-americanos liderados pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) realizaram um estudo para desvendar o mistério da Terra Preta do Índio na floresta amazônica. Essa terra escura, surpreendentemente fértil e rica em nutrientes como carbono, fósforo e potássio, tem intrigado cientistas por anos devido ao solo amazônico geralmente lixiviado e pobre em nutrientes.
A Terra Preta do Índio foi detectada em assentamentos humanos que datam de centenas a milhares de anos, bem como em aldeias modernas na Amazônia. Para determinar se esse solo fértil era resultado de práticas intencionais de povos indígenas ou um subproduto acidental de suas atividades agrícolas, os pesquisadores viajaram até o Território Indígena Kuikuro, na Amazônia brasileira.
Lá, eles encontraram amostras da "terra preta de índio" atual e compararam com amostras de cerca de 5 mil anos atrás. Os moradores locais explicaram que tinham o hábito de acumular resíduos orgânicos ricos em nutrientes derivados da pesca e agricultura de mandioca. Esse material era compostado ao longo de alguns anos para criar a terra escura, que era usada em culturas que demandavam nutrientes.
O estudo revelou que as práticas atuais dos moradores do Território Indígena Kuikuro eram as mesmas empregadas por povos indígenas há milhares de anos. A disposição espacial do solo e sua composição eram idênticas em ambos os casos, com concentrações significativamente maiores de nutrientes essenciais.
Os pesquisadores concluíram que os povos amazônicos têm deliberadamente criado a Terra Preta do Índio por milhares de anos, promovendo a produção de alimentos em solos naturalmente pobres. Além disso, essa prática armazenou grandes quantidades de carbono no solo, o que é crucial para a mitigação das mudanças climáticas.
O coautor do estudo, Samuel Goldberg, enfatizou que essa eficiente forma de reter carbono no solo é vital para os esforços de mitigação das alterações climáticas. Ele sugeriu a adaptação das estratégias indígenas em uma escala maior para garantir a retenção de carbono duradoura para as futuras gerações.