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Candidaturas com ‘identidade religiosa’ cresceram 225% em 24 anos, aponta estudo

Entre os termos utilizados, destacam-se "pastor", "irmão", "pai", "mãe", "padre", entre outros

Escrito por
Redação
August 21, 2024
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Foto: Divulgação/TRE

O número de candidatos a vereador e prefeito que utilizam uma identidade religiosa em seus nomes de campanha cresceu 225% ao longo dos últimos 24 anos. Um levantamento inédito realizado pelo Instituto de Pesquisa e Reputação de Imagem (IPRI), da FSB Holding, analisou dados das últimas sete eleições municipais, de 2000 a 2024, coletados do portal de estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os dados, obtidos com exclusividade pela Agência Brasil, mostram que o crescimento das candidaturas com viés religioso foi 16 vezes superior ao aumento total de candidaturas nos pleitos locais.

Em números absolutos, as candidaturas com identidade religiosa passaram de 2.215 em 2000 para 7.206 em 2024. Durante o mesmo período, o número total de candidaturas aumentou apenas 14%, passando de 399.330 para 454.689. Em termos percentuais, as candidaturas religiosas representavam 0,55% do total em 2000, subindo para 1,6% nas eleições municipais deste ano.

O IPRI analisou os nomes de todos os candidatos ao longo dos anos, aplicando filtros para identificar vínculos religiosos, com palavras associadas a religiões evangélicas, católicas e de matriz africana. Entre os termos utilizados, destacam-se “pastor”, “irmão”, “pai”, “mãe”, “padre”, entre outros.

Apesar do crescimento significativo, o recorde de candidaturas religiosas foi registrado nas eleições municipais de 2020, com 9.196 candidatos. No entanto, esse ano também contou com um número total de candidaturas maior, de 557.678, refletindo mudanças como o fim das coligações proporcionais e o aumento dos custos de campanha.

EVANGÉLICOS LIDERAM

O estudo revela que a maioria das candidaturas religiosas está associada a denominações evangélicas. Em 2024, termos como “pastor” e “irmão” dominaram, somando 6.557 candidaturas, o que corresponde a mais de 91% do total.

MOBILIZAÇÃO E EFICIÊNCIA ELEITORAL

A mobilização religiosa em campanhas eleitorais no Brasil tem crescido desde a redemocratização e a Constituição de 1988, impulsionada por novos movimentos religiosos que buscam maior representação institucional. Segundo a antropóloga Lívia Reis, da UFRJ, o sucesso dessas candidaturas muitas vezes está ligado à combinação de identidades religiosas com dinâmicas locais.

Uma pesquisa do Instituto de Estudos da Religião (ISER) sobre as eleições de 2020 mostrou que candidaturas religiosas, embora representassem em média 10,71% do total, ocuparam 51,35% das cadeiras das câmaras municipais nas oito capitais analisadas. Isso evidencia a eficácia de mobilizar aspectos religiosos e morais nas campanhas eleitorais.

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