Um levantamento inédito da Campanha Nacional Despejo Zero, divulgado na quarta-feira (14), aponta que mais de 1,5 milhão de brasileiros foram vítimas de despejos ou remoções forçadas entre outubro de 2022 e julho de 2024. Esse aumento de 70% é explicado, em parte, pelo fim da suspensão dos despejos determinada pelo STF durante a pandemia de Covid-19, além do impacto econômico que levou muitas famílias a ocuparem terrenos ou imóveis de forma precária.
O estudo revela que a crise habitacional no Brasil tem forte componente de classe, gênero e raça, com a maioria dos despejados sendo pessoas negras, mulheres e de baixa renda. Dentre as vítimas, cerca de 267 mil são crianças e mais de 262 mil são idosos.
As remoções forçadas estão sendo impulsionadas principalmente por reintegrações de posse e grandes obras públicas. Com a retomada do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), especialistas alertam para a necessidade de políticas que protejam a população mais vulnerável, evitando que obras públicas aumentem ainda mais o déficit habitacional.
A Campanha Nacional Despejo Zero destaca a urgência de políticas de mediação de conflitos fundiários e critica propostas legislativas que buscam marginalizar ainda mais as pessoas afetadas, retirando-lhes o direito a programas sociais.