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Nova geração de vacinas pode barrar próxima pandemia

A vacina universal contra os diferentes tipos de influenza, que já mostrou resultados promissores em testes iniciais.

Escrito por
Redação
April 13, 2025
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Foto: Internet

A ameaça de que a gripe aviária se transforme em uma pandemia continua a gerar grandes preocupações entre as autoridades de saúde. Para Mônica Levi, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), é fundamental avançar na criação de vacinas mais eficazes para evitar que isso aconteça. Um dos maiores avanços nesse campo é a vacina universal contra os diferentes tipos de influenza, que já mostrou resultados promissores em testes iniciais.

“É uma vacina de RNA mensageiro, e, na composição dela, foi colocado o sequenciamento genético de todos subtipos de influenza A e B, e se testou em furões e ratos. Primeiro, eles testaram, antígeno por antígeno, isoladamente, e a resposta imune foi muito boa. Então, eles passaram a testar nesses animais, as 20 cepas de uma vez. E o que eles viram foi uma indução de anticorpos para todas as 20 cepas, por pelo menos quatro meses após a vacinação”, explica Mônica Levi à Agência Brasil.

Além dessa vacina universal, já existem vacinas específicas para o vírus da gripe aviária, com estoques de emergência em cerca de 20 países. O Brasil, por sua vez, aposta em uma vacina em desenvolvimento pelo Instituto Butantan, que já passou por testes em animais com resultados satisfatórios. Em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o instituto está recrutando voluntários para os testes em humanos, aguardando apenas a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar a fase de testes.

Mônica Levi destaca a importância de o Brasil desenvolver a própria vacina de forma rápida, para evitar depender da produção de empresas estrangeiras, caso haja uma necessidade urgente. Ela explica que o vírus da gripe aviária é capaz de sofrer mutações rapidamente, o que facilita a adaptação a diferentes espécies.

“Já são mais de 350 espécies, que não eram infectadas no começo, incluindo mamíferos, como gatos domésticos, que foram identificados na Polônia. E a mortalidade deste vírus é muito alta, porque nós não temos imunidade prévia contra ele”, alerta a especialista. 

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, entre 2003 e março de 2025, foram registrados 969 casos de infecção humana pelo vírus Influenza A H5N1, com 457 mortes, resultando em uma letalidade superior a 50%. Contudo, desde 2015, a taxa de mortalidade tem diminuído. Em 2025, dos 72 casos registrados nas Américas, apenas dois resultaram em óbito — um nos Estados Unidos e outro no México. A maior parte dos novos casos está concentrada nos Estados Unidos.

A contaminação humana ocorre após o contato com aves infectadas, e o número de surtos em aves e mamíferos segue aumentando. Entre outubro de 2024 e fevereiro de 2025, um período de cinco meses, foram registrados mais de 900 surtos em aves de criação e 1.000 em aves silvestres — números superiores aos observados durante toda a temporada anterior de circulação do vírus, que durou de outubro de 2023 a setembro de 2024.

O Brasil registrou seu primeiro caso de gripe aviária em maio de 2023 e, até o momento, foram confirmados 166 focos da doença, sendo 163 em aves silvestres e três em aves de criação. Diante desse cenário, o Ministério da Agricultura e Pecuária prorrogou o estado de emergência zoossanitária por mais 180 dias, intensificando as medidas de prevenção e controle.

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