A inteligência artificial (IA) é uma tecnologia em rápida evolução que está transformando diversos setores da sociedade, incluindo o mercado de trabalho. Segundo o levantamento do Fórum Econômico Mundial, em parceria com a Fundação Dom Cabral, realizado em 2025, 170 milhões de novas funções serão criadas e 92 milhões serão eliminadas, resultando em um aumento líquido de 78 milhões de empregos até 2030.

O estudo destaca os empregos que estarão em alta e os que perderão espaço no futuro do trabalho, além das habilidades mais demandadas no mercado nos próximos cinco anos.
“Profissões de linha de frente e setores essenciais, como cuidados, educação e construção, devem ter o maior crescimento de vagas até 2030. Já os avanços em IA, robótica e energia renovável provocam um aumento na demanda de funções de especialistas, enquanto continuam tornando dispensáveis funções como caixas, assistentes administrativos e até designers gráficos”, explica o documento.
Para o diretor de trabalho, salários e criação de empregos do Fórum Econômico Mundial, Till Leopold, o mercado de trabalho passa por uma velocidade de transformações sem precedentes.
“Tendências como IA generativa estão revolucionando setores, criando oportunidades sem precedentes e riscos profundos”, disse.
Com base em dados de mais de mil empresas, o relatório aponta que a lacuna de habilidades gerada por essas mudanças aceleradas já é o principal desafio para mais de 60% das companhias. Segundo o levantamento, cerca de 40% das competências exigidas no mercado hoje devem mudar nos próximos anos.
Se a força de trabalho global fosse um grupo de 100 pessoas, 59 precisariam de requalificação ou aprimoramento das habilidades até 2030. No entanto, o Fórum prevê que 11 delas provavelmente não receberão essa formação, o que equivale a mais de 120 milhões de profissionais em risco no médio prazo.
Impacto econômico
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o mercado global de IA deve alcançar 4,8 trilhões de dólares (cerca de R$ 27 trilhões) até 2033. Entretanto, enquanto a IA transforma a economia, criando uma variedade de oportunidades, também traz riscos de aprofundar as desigualdades. A ONU alerta que quase metade dos empregos em todo o mundo poderiam ser afetados.
“Poderia afetar 40% dos empregos em todo o mundo, gerando ganhos de produtividade, mas também trazendo preocupação sobre a automação e a perda de postos de trabalho“, afirma a pesquisa.
A ONU Comércio e Desenvolvimento considera que os benefícios da automação, impulsionada pela IA, costumam favorecer o capital em detrimento da mão de obra, o que poderia “aumentar a desigualdade e reduzir a vantagem competitiva da mão de obra barata nas economias em desenvolvimento“.
Em nota, Rebeca Grynspan, secretária-geral da ONU Comércio e Desenvolvimento pede maior cooperação internacional para “desviar a atenção da tecnologia para as pessoas, permitindo aos países criarem conjuntamente um marco mundial de inteligência artificial“, a fim de aproveitar seu potencial para o desenvolvimento sustentável.
“A história demonstra que, embora o avanço tecnológico seja o motor do crescimento, por si só não pode garantir uma distribuição equitativa da renda, nem promover um desenvolvimento humano inclusivo“, advertiu Grynspan no informe.
Em 2023, as tecnologias avançadas (internet das coisas, blockchain, nanotecnologias, IA) representaram um mercado de U$ 2,5 trilhões de dólares (cerca de R$ 12 trilhões, na cotação da época) e se espera que este montante seja multiplicado por seis até 2033, chegando a US$ 16,4 trilhões de dólares (aproximadamente R$ 93 trilhões, na cotação atual), segundo o documento.
Até 2033, a IA ocupará o primeiro lugar deste mercado, à frente da internet das coisas, com um valor de U$ 4,8 bilhões de dólares (cerca de R$ 27 trilhões), o equivalente, aproximadamente, à economia alemã.
O relatório explica que é provável que seus benefícios fiquem muito concentrados em algumas poucas economias. Cem empresas, principalmente de países como Estados Unidos e China, representam 40% dos gastos mundiais em pesquisa e desenvolvimento das empresas.
O informe também assinala que Brasil, China, Índia e Filipinas são os países em desenvolvimento com os melhores resultados quanto à sua preparação tecnológica.
Inovação Educacional em Manaus
Em Manaus, acompanhando essas transformações, a Fundação Matias Machline e a Faculdade Matias Machline incorporaram o uso da inteligência artificial em todos os cursos oferecidos, desde os cursos técnicos concomitantes ao ensino médio, como:
- Informática e Mecatrônica;
- Automação Industrial;
- Mecatrônica e Eletrônica,
- Engenharia Mecânica;
- Engenharia da Computação;
- Engenharia de Produção;
- Engenharia Elétrica.
Para o Coordenador da Escola de Engenharia da Faculdade Matias Machline, Ítalo Carvalho da Costa, a instituição tem se empenhado em alinhar a formação acadêmica às novas exigências do mercado de trabalho.
“Nossa instituição reconhece a relevância de preparar os estudantes para os desafios e oportunidades da Indústria 4.0 e das chamadas fábricas inteligentes, onde a interação digital é crucial na transformação dos processos produtivos. Além disso, já incorporamos a perspectiva da Indústria 5.0, que integra automação, humanização e sustentabilidade, especialmente por meio do desenvolvimento de projetos integradores e de extensão”, afirmou em entrevista ao Diário da Capital.

Segundo o entrevistado, a inteligência artificial tem provocado mudanças profundas no mercado de trabalho, exigindo novas habilidades dos profissionais.
“A IA estabelece uma reconfiguração de empregos, com a extinção ou adaptação de alguns cargos, enquanto outros surgem com uma demanda crescente. O avanço da inteligência artificial tem levado a uma mudança significativa no perfil profissional exigido pelo mercado de trabalho, forçando os trabalhadores a se adaptarem às ferramentas digitais da era tecnológica”, explicou.
Dentre as novas ocupações que surgirão, destacam-se:
- Desenvolvedor de Inteligência Artificial, responsável por projetar e implementar sistemas inteligentes;
- Especialista em Cibersegurança, focado na proteção de dados e infraestruturas digitais;
- Gestor de Mídias Sociais, que utiliza algoritmos e análise de dados para otimizar estratégias de comunicação digital;
- Criador de Conteúdos Digitais, que usa ferramentas baseadas em IA para gerar conteúdo personalizado e escalável.
De acordo com o especialista, espera-se uma transformação profunda no mercado de trabalho nos próximos anos, impulsionada pela inteligência artificial. Mais do que uma simples substituição de empregos, a tendência é a reconfiguração das funções, promovendo uma integração maior entre as capacidades humanas e as tecnologias inteligentes.
“Sistemas inteligentes passarão a assumir tarefas operacionais, analíticas e preditivas, enquanto os profissionais se concentrarão em decisões estratégicas, criatividade e relações humanas”, concluiu.