Matérias
Meio Ambiente

Igarapés de Manaus: desafios e iniciativas para a preservação ambiental

Iniciativas como a 'Semana do Igarapé' e ações da Prefeitura buscam reverter a degradação ambiental e envolver a comunidade na recuperação dos rios urbanos, essenciais para a qualidade de vida local.

Escrito por
Clara Gentil
November 30, 2024
Leia em
X
min
Compartilhe essa matéria
Foto: Jeiza Russo / A Crítica

Manaus, uma cidade atravessada por dezenas de igarapés. Pequenos rios fundamentais para o ecossistema e a vida de milhares de pessoas, têm testemunhado, nos últimos anos, a degradação desses corpos d’água, vítimas da urbanização desordenada que se tornaram esgotos a céu aberto, comprometendo a qualidade da água e afetando diretamente as populações ribeirinhas.

“Relembramos que poucas décadas atrás, nós tínhamos um cenário em que esses igarapés tinham um uso muito importante pra população, eram utilizados para o lazer, tinham uma importância social muito grande e atualmente se encontram, na sua grande maioria, poluídos”, lamentou Ieda Hortêncio Batista, professora do Programa de Pós Graduação em Gestão e Regulação dos Recursos Hídricos (ProfÁgua), da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). 

Foto: Valdo Leão / Semcom

No entanto, iniciativas como a ‘Semana do Igarapé’, organizada pelo Instituto Rios Brasil (IRBR) e pelo Instituto de Inovação e Desenvolvimento Sustentável (IDS), que se encerrou neste sábado (30), buscam sensibilizar a sociedade sobre a relevância dos igarapés urbanos para a preservação ambiental e a qualidade de vida das comunidades locais. Para Saulo Maciel, representante do (IDS), o evento também busca aproximar universidades e a população para esta causa.  

“O IDS enxerga que através da ligação entre universidades, e da sociedade de um modo geral, a gente pode tirar um proveito significativo para recuperação dos igarapés na cidade de Manaus”, 

A recuperação dos igarapés, no entanto, vai além da limpeza superficial. Trata-se de um processo que envolve políticas públicas eficazes, como a ampliação da rede de esgoto e o planejamento urbano integrado. 

Foto: Renata Barreiros / Diário da Capital

Ações da Prefeitura 

A Prefeitura de Manaus tem realizado serviços diários nas Orlas da cidade e nos igarapés para retirar resíduos trazidos pelas águas, como garrafas PET, pedaços de embarcações, plásticos e até descartes de eletrodomésticos. Essas ações são reforçadas pela instalação de 10 ecobarreiras em pontos estratégicos: os igarapés da avenida do Samba, do Passarinho, do bairro da União, do Coroado, do São Francisco, do Mindú, do 40, do Alvorada, do Parque dos Gigantes e do Franco.

Ecobarreira instalada em igarapé no Passeio do Mindu, bairro Parque Dez. – Foto: Jeiza Russo / A Crítica

Em nota, a prefeitura afirma que, nos próximos meses, planeja expandir o projeto, instalando novas ecobarreiras em outros pontos da cidade, com o objetivo de reduzir ainda mais os resíduos nos córregos.

Outro serviço de destaque é a coleta agendada, que oferece à população a possibilidade de agendar a retirada de itens como camas, fogões e computadores sem uso. Com essa iniciativa, esses materiais não acabam descartados em vias públicas, reduzindo os danos ao meio ambiente. O agendamento pode ser realizado por WhatsApp ou ligação através dos números (92) 98415-9563 ou 98459-5618, entre 8h e 16h, durante a semana.

Além disso, a cidade conta, hoje, com 47 Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), instalados em supermercados, onde os moradores podem depositar materiais recicláveis, como garrafas, papeis e plásticos. Essa alternativa é mais uma forma de evitar que esses resíduos acabem nas ruas e contribuam para a poluição urbana.

Participação da Comunidade

Além do esforço institucional, a mobilização da comunidade tem sido fundamental para reverter a situação. Um exemplo disso é o festival anual “Tarumã Alive”, realizado desde 2016 e que tem como objetivo sensibilizar o público sobre a conservação da Bacia Hidrográfica do Tarumã-Açú.  

Projeto “Tarumã Alive” já recolheu 18 toneladas de lixo dos rios. – Foto: Arquivo Pessoal / Márcia Novo

Composto por moradores da região e voluntários que atuam diretamente nas margens dos igarapés, a ação visa retirar o lixo e alertar sobre o impacto da poluição no ecossistema local. 

“Nosso objetivo é procurar manter esse rio vivo para as próximas gerações, apesar da gente saber que o volume de resíduos que caem ali no Tarumã é muito grande, em nove anos de festival a gente já recolheu cerca de 18 toneladas de lixo”, disse Márcia Novo, cantora amazonense e organizadora da ação sustentável.

O festival que completará uma década em 2025, tem organizado mutirões de limpeza e campanhas educativas para conscientizar a população sobre a importância de preservar os recursos hídricos da cidade. A próxima ação desse grupo acontecerá no dia 7 de dezembro na Marina do David, Zona Oeste de Manaus.  

No items found.
Matérias relacionadas
Matérias relacionadas