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Dia Internacional da Mulher: presença feminina ainda é minoria nas Casas Legislativas

Parlamentares destacam que, embora a data seja um momento de celebração e luta, também serve para reforçar a importância do fortalecimento da presença feminina na política

Escrito por
Rhyvia Araujo
March 08, 2025
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Foto: Reprodução

A presença de mulheres ocupando cargos na política — ainda que necessária — segue sendo tímida. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), elas representam 18% das cadeiras legislativas, mesmo percentual registrado nas eleições de 2022. Enquanto isso, 82% dos cargos políticos seguem sendo predominantemente ocupados por homens.

Quando se trata de reeleição, o crescimento foi discreto: em 2024 apenas 15% das mulheres retornaram aos postos, um pequeno aumento em relação a 2022, quando esse percentual era de 14%. Em contrapartida, a reeleição entre os homens teve uma queda ligeira. Em 2024, 85% dos homens conseguiram se manter nos cargos, enquanto em 2022 esse número era de 86%.

No que diz respeito às candidaturas, a presença de mulheres se manteve estável. Em 2024, 34% das candidaturas foram de mulheres, o mesmo percentual registrado em 2020. Já os homens, que representaram 66% das candidaturas em ambas as eleições, mantiveram a maior participação no pleito.

Em relação ao eleitorado, as mulheres são a maioria, embora com uma leve queda em comparação a 2022, já que em 2024 as eleitoras representaram 52% do total, contra 53% no pleito anterior. Enquanto o eleitorado masculino teve um pequeno aumento passando de 47% em 2022 para 48% em 2024.

Mulheres na política

No Dia Internacional da Mulher, celebrado neste sábado (7/3), o Diário da Capital entrevistou parlamentares da Câmara Municipal de Manaus (CMM) e da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALEAM).

Em Manaus, a representatividade feminina na Câmara Municipal teve uma queda. Apenas três mulheres foram reeleitas, uma a menos do que em 2020, quando quatro candidatas haviam conquistado uma vaga. Nas últimas eleições municipais, apenas 10.603 mulheres foram eleitas para o cargo de vereadora em todo o Brasil. 

As vereadoras reeleitas foram Thaysa Lippy (PRD), Professora Jacqueline (União Brasil) e Yomara Lins (Podemos), enquanto Glória Carratte (PSB) deixou o cargo. Apesar da reeleição, a representatividade feminina na CMM permanece abaixo do ideal, com as três vereadoras ocupando apenas 7,3% das 41 vagas disponíveis para o mandato de 2025 a 2028.

Enquanto isso, na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), entre as 24 vagas de deputados estaduais, apenas cinco são mulheres com mandatos no parlamento, sendo elas: Joana Darc (UB), Alessandra Campêlo (Podemos), Débora Menezes (PL), Dra. Mayara Pinheiro (Republicanos) e Mayra Dias (Avante), que representam 20% dos assentos. 

Elas destacam que, embora a data seja um momento de celebração e luta, também serve para reforçar a importância do fortalecimento da presença feminina na política, que de acordo com os dados supracitados ainda é limitada. Reforçam ainda que há muito a ser feito para garantir maior espaço feminino nas esferas de poder.

“Precisamos fortalecer a mulher querer e se achar capaz, depois convencer as mulheres a gostar de política”

Manaus é uma das capitais onde o eleitorado ainda não escolheu uma mulher para a Prefeitura. A única exceção foi Yomara Lins, que assumiu o cargo de forma interina em 2023, quando o prefeito David Almeida, o vice Marcos Rotta e o presidente da CMM, vereador Caio André, viajaram durante o feriado de Carnaval.

Vereadora Yomara Lins. — Foto: Divulgação

Em entrevista ao Diário da Capital, Lins destacou que o fortalecimento da autoconfiança das mulheres na política é o primeiro passo crucial para aumentar a presença feminina em cargos políticos.

“Quando eu soube que seria a primeira mulher a assumir a prefeitura, mesmo que em exercício, me senti muito honrada e da mesma forma com muita responsabilidade. (…) Nós precisamos fortalecer a mulher querer e se achar capaz, depois convencer as mulheres a gostar de política, as mulheres não gostam de política, não gostam de votar em mulheres, agora isso está mudando, mas precisamos incentivar elas a gostarem de política, terem iniciativa de se candidatarem. Esse é o início”, afirmou Lins.

Como vereadora, Yomara reconhece os avanços, mas ainda vê grandes desafios para a verdadeira inclusão feminina na política. “A participação ainda é desproporcional em relação à população feminina. O maior desafio é garantir que essa presença não seja apenas numérica, mas que resulte em políticas públicas que atendam às necessidades das mulheres. Precisamos ampliar o apoio à formação política feminina, combater a violência política de gênero” disse ela.

A vereadora também reforça o papel essencial das mulheres na construção de uma sociedade mais justa. “Somos protagonistas nas famílias, no mercado de trabalho e na política, e nossa participação traz novas perspectivas e soluções para os desafios sociais. A igualdade de direitos e oportunidades deve ser uma luta de toda a sociedade, garantindo que mulheres tenham voz e vez em todos os espaços,” afirmou.

No Dia Internacional da Mulher, Lins reforça que a “participação feminina fortalece a democracia e contribui para a construção de políticas mais justas e inclusivas”.

“A não ocupação nos espaços enfraquece a democracia”

A vereadora Thaysa Lippy também reconhece que ainda existe um contraste significativo na representação política das mulheres nos parlamentos. Ela destaca que, embora as mulheres representem mais da metade da população brasileira, a participação feminina sofre com a sub-representação.

“Hoje, as nossas pautas, quando defendidas, são feitas por homens e não por nós mulheres. Esse cenário limita a defesa de políticas públicas essenciais, como moradia, educação, saúde, segurança, afetando negativamente a população”, afirma a vereadora.

Vereadora Thaysa Lippy. — Foto: Divulgação

Ela enfatiza a necessidade de enfrentar desafios como o menor apoio financeiro às candidaturas femininas, o preconceito de gênero entre os eleitores e o cenário político que exige que as mulheres defendam próprias causas, até mesmo dentro dos partidos.

“Na Câmara Municipal de Manaus (CMM) há uma longa luta e histórico de baixa representação feminina. Dos 41 parlamentares sempre fica entre três ou quatro mulheres ocupando essas vagas. É muito pouco”, disse a parlamentar. 

“Avançamos em parte, mas ainda há muito a melhorar”

No Dia Internacional da Mulher, a deputada estadual Alessandra Campelo, também ressalta a importância de mais mulheres atuarem na política. Ela ainda vê o empoderamento feminino no mercado de trabalho como essencial para a luta por igualdade salarial e direitos.

Deputada Estadual Alessandra Campelo. — Foto: Divulgação

“Na sociedade em geral, as mulheres podem ajudar a combater preconceito, estereótipos, racismo, misoginia, intolerância, além de incentivar ações, projetos e programas de formação e capacitação, de modo que as mulheres empreendam e ocupem espaços de poder e liderança”, diz Campelo em entrevista ao Diário da Capital.

Ao se dirigir às mulheres de Manaus, especialmente às jovens, Alessandra envia uma mensagem de apoio e incentivo.

“O primeiro recado é dizer para essa mulher: você não está sozinha. Eu quero poder continuar aqui sendo a voz dessas mulheres, sendo a pessoa que faltou talvez para minha mãe ou para mim quando era criança, que faltou para tantas mulheres, é essa voz que eu quero ser aqui”, finaliza a parlamentar. 

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