Tecnologia

Conectividade indígena: a internet como ponte entre povos originários e o mundo

Ao expressar suas lutas nas redes, os povos indígenas romperam barreiras e conquistaram direitos.

Escrito por Yasmin Siqueira
19 de abril de 2025
Foto: Bruno Kelly/Conexão Povos da Floresta & Redes Sociais/Thais Kokama

Em alusão ao Dia dos Povos Indígenas, celebrado em 19 de abril, o Diário da Capital reflete sobre os impactos da internet nas comunidades tradicionais da Amazônia e como o mundo digital se tornou uma ferramenta de luta, resistência e visibilidade para os povos originários.

Mais de mil comunidades indígenas já possuem acesso à internet na Amazônia, segundo dados do projeto Conexão Povos da Floresta. Essa conectividade tem transformado a forma como os povos originários expressam suas demandas e fazem ecoar suas vozes além dos limites das aldeias. A internet tornou-se um canal de fortalecimento da cultura, da organização política e da defesa dos direitos indígenas.

Com mais de 1,6 milhão de pessoas autodeclaradas indígenas no Brasil, segundo o Censo de 2022, esses povos habitam 477 Terras Indígenas homologadas, espalhadas por todo o território nacional. São 305 povos distintos, falantes de 180 línguas, com tradições que remontam a milhares de anos. Suas principais reivindicações continuam sendo a demarcação de terras, o acesso à educação e à saúde de qualidade. Com o avanço da conectividade, essas pautas também ganharam o ambiente digital.

Para entender melhor os efeitos da conectividade, o Diário da Capital conversou com a artista indígena Thais Kokama, que usa as redes para expressar sua arte e luta.

“Minha relação com as redes sociais é de luta, de visibilidade e de resistência. A internet se tornou uma ferramenta essencial para nós, povos indígenas, porque ela rompe o silêncio que por muito tempo tentaram impor sobre nossas histórias, nossas vozes e nossas lutas”, disse.

“Através das redes, conseguimos mostrar quem realmente somos — para além dos estereótipos —, compartilhar nossas culturas, denunciar violações de direitos e fortalecer nossas conexões com outros parentes em diferentes territórios”, reforçou.

Thais usa as redes principalmente para divulgar o seu trabalho com o grafismo indígena, o projeto Cine Aldeia, e também para mobilizar apoio a causas urgentes, como a defesa dos territórios, da Amazônia e da existência dos povos originários.

“A internet, quando usada com consciência e ancestralidade, vira nossa flecha no mundo digital”, conclui a artista.

O Dia dos Povos Indígenas, criado para homenagear e reforçar a importância das culturas originárias, ganha um novo significado na era da informação. A conectividade nas aldeias rompe barreiras geográficas, amplia o diálogo e fortalece a resistência, mas também exige atenção aos riscos da exposição online e ao equilíbrio com os modos de vida tradicionais.

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