As buscas do Corpo de Bombeiros continuam nesta terça-feira (8/10) pelos dois desaparecidos da tragédia do porto de Manacapuru (a 68 quilômetros de Manaus). Uma criança de 6 anos e um homem de 36 são os procurados.
De acordo com o Governo do Amazonas, os trabalhos de análise da estrutura e as buscas de mergulho e superfície iniciaram logo após o acidente.
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Alexandre Freitas, destacou que as buscas foram retomadas na manhã de hoje, após uma pausa durante a noite de segunda-feira devido à baixa visibilidade na área. “Nós tivemos no dia de ontem (07/10), com equipes da capital e do município de Manacapuru, atuando com as buscas de superfície e também atuando com mergulhadores. De forma que hoje (08/10), continuamos esse trabalho e continuaremos até encontrarmos as pessoas que estão desaparecidas”, enfatizou.
Outras dez pessoas ficaram feridas e receberam atendimento médico. Dentre elas, apenas duas seguem internadas.
Acidente
O desabamento do porto de Terra Preta foi registrado na tarde desta segunda-feira (7), no município de Manacapuru.
O porto faz parte do desenvolvimento econômico do município, sendo um ponto estratégico para o transporte de mercadorias e passageiros e conecta a cidade a outras regiões abrangidas pelo rio Solimões.
Feridos
Ainda na segunda-feira (7), nove pessoas foram levadas ao hospital e receberam atendimento com ferimentos leves. O décimo ferido procurou a unidade de saúde para solicitar atendimento, alegando ter sido vítima na tragédia do desabamento.
“A unidade hospitalar de Manacapuru, recebeu na data do sinistro, nove pacientes. E hoje (08/10) pela manhã, a unidade foi procurada por um senhor de 64 anos, que também estava no acidente, mas somente com escoriações leves, foi atendido e liberado. Então, no total nós tivemos dez pacientes admitidos na unidade hospitalar e, somente dois permanecem internados no momento”, disse Rita Almeida a secretária-adjunta de regionalização da SES.
Sobre os desaparecidos, o delegado titular da Delegacia de Manacapuru, Mauro Soares, destacou os registros feitos na unidade policial e investigações do caso.
“Até o momento a gente recebeu duas notificações de desaparecimento de uma pessoa do sexo masculino de aproximadamente 36 anos, e uma menor do sexo feminino de 6 anos de idade”, disse o delegado.
Apenas duas pessoas permanecem internadas no Hospital Regional Lázaro Reis.
Causas e Alertas
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) informou, por meio de nota, que não é responsável pelo Porto da Terra Preta, apenas pela Instalação Portuária Pública de Pequeno Porte situado nas proximidades do porto. “Ressaltamos que o Porto da Terra Preta não é de responsabilidade desta autarquia. Apenas a IP4 de Manacapuru está sob a gestão do DNIT. Técnicos do Departamento já estão no local para realizar uma inspeção detalhada, com o objetivo de avaliar a extensão dos danos e os riscos que ainda podem comprometer a segurança da estrutura da IP4”.
Alertou também sobre as erosões fluviais.
“O incidente no Porto da Terra Preta é provavelmente resultado de um fenômeno sazonal conhecido como “terras caídas”, comum nesta época do ano na região. O DNIT acionou imediatamente as autoridades competentes, incluindo o Corpo de Bombeiros, a Polícia e a Defesa Civil”, acrescentou na declaração.
Por meio de publicação nas redes sociais, a Defesa Civil do Amazonas alertou sobre os cuidados que devem ser tomados com as erosões fluviais durante o período de estiagem, como ocorrem e como identificar. Divulgou também um mapeamento das áreas de risco presente no site da Defesa Civil do Amazonas.
Fenômeno “Terras Caídas”
Ainda não há informação sobre a causa do desabamento do porto, mas uma das possibilidades atribuídas é o fenômeno “Terras Caídas”, comum nesse período de estiagem no Amazonas.
Procurado pelo Diário da Capital, o pesquisador Marco Antonio Oliveira, do Serviço Geológico do Brasil (SGB), explicou:
“O fenômeno das terras caídas é o desbarrancamento de enormes quantidades de terra das margens dos grandes rios da Amazônia. Ocorre principalmente em terrenos formados por sedimentos recentes depositados ao longo dos episódios de cheias. O processo que desencadeia as terras caídas é a erosão fluvial que solapa as bases do barranco. O fenômeno é mais frequente durante a vazante, onde o nível do rio desce muito rápido, expondo barrancos de até 30 m de altura, que acabam desabando e são levados pela correnteza”.