O Brasil reforçou sua presença militar na fronteira norte do país em resposta ao aumento das tensões entre a Venezuela e a Guiana, relacionadas a um referendo marcado para este domingo (3). O referendo busca determinar os direitos da Venezuela sobre a região de Essequibo, abrangendo aproximadamente dois terços do atual território da antiga colônia inglesa.
O Ministério da Defesa emitiu uma nota indicando que as "ações de defesa têm sido intensificadas na região da fronteira ao Norte do país, promovendo maior presença militar". A disputa territorial remonta a 1899, quando a região foi entregue à Grã-Bretanha, e desde então, a Venezuela não reconhece essa decisão, considerando a área como "em disputa".
Com a mediação das Nações Unidas em 1966, por meio do Acordo de Genebra, a região permanece "por negociar". A área é estratégica, possuindo estimativas de bilhões de barris de petróleo.
A embaixadora Gisela Maria Figueiredo Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, expressou a preocupação do governo brasileiro com a disputa na região. Ela destacou o interesse do Brasil em evitar questões militares na área e ressaltou que o referendo é uma questão interna da Venezuela. A diplomacia brasileira busca uma solução pelo diálogo, seja por meio de negociações bilaterais ou pela Corte Internacional de Justiça (CIJ).
Enquanto a Guiana buscou suspender o referendo na CIJ, a Venezuela não reconhece a jurisdição da Corte Internacional nesse caso, evocando o Acordo de Genebra de 1966 como o único instrumento válido para resolver a controvérsia. As tensões acentuam-se, envolvendo disputas sobre licitações de petróleo e provocando uma resposta diplomática cautelosa por parte do Brasil.