Indígenas da etnia guarani e kaiowá foram alvo de um ataque armado por um grupo desconhecido na tarde desta quarta-feira (16) em Dourados, Mato Grosso do Sul. O incidente ocorreu no tekoha Avae'te, um acampamento indígena próximo à reserva de Dourados. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), os indígenas relataram que o grupo entrou no acampamento e disparou várias vezes, felizmente sem deixar ninguém ferido.
Essa não foi a única ação hostil recente contra os indígenas. Na madrugada de terça-feira (15), pistoleiros teriam incendiado dez casas, forçando muitos indígenas a se esconderem na mata. O Cimi informou que os indígenas estão vivendo com medo e assustados com a possibilidade de novos ataques.
Segundo o Cimi, este é o primeiro ataque registrado em 2023 contra os guarani e kaiowá da área, mas conflitos desse tipo têm ocorrido desde 2018. A situação é agravada pela disputa de terras. A reserva em questão possui uma área de 2,4 mil hectares, considerada insuficiente para abrigar a população indígena local, que ultrapassa 13 mil pessoas.
Devido à falta de espaço na reserva, grupos indígenas montaram acampamentos nas proximidades como forma de reivindicar a retomada de terras tradicionalmente ocupadas por fazendeiros. Em 2007, a Funai e o Ministério Público Federal assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para agilizar a demarcação das áreas reivindicadas no entorno da Terra Indígena (TI) Dourados Pegua.