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Após abordagem truculenta contra ambulante, Prefeitura e comunidade haitiana se manifestam

“Foi lamentável, tiraram as coisas dela como se fosse lixo”, disse Abdias Dolce, presidente da Associação dos Trabalhadores Haitianos no Amazonas.

Escrito por
Yasmin Siqueira
February 14, 2025
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Imagem: Divulgação/Internet

A apreensão de uma banca de frutas e legumes de uma vendedora ambulante no Centro de Manaus, registrada nesta quinta-feira (13), gerou indignação e mobilizou reações tanto da população quanto da Prefeitura e também da comunidade haitiana em Manaus. 

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra fiscais da Secretaria Municipal de Agricultura, Abastecimento, Centro e Comércio Informal (Semacc) e agentes da Guarda Municipal recolhendo os produtos da vendedora e colocando-os na carroceria de um veículo. A mulher tenta resistir, mas é contida pelos fiscais. 

Em resposta ao episódio, a Prefeitura de Manaus divulgou uma nota oficial na qual afirma que a apreensão foi parte de uma ação de reordenamento urbano e que medidas de conscientização foram realizadas previamente para alertar os ambulantes sobre a necessidade de regularização. “Apenas quem insistiu nas irregularidades foi alvo de apreensão”, informou a administração municipal.

A nota também destacou que a vendedora abordada no vídeo é haitiana e que a Prefeitura disponibiliza espaços específicos para migrantes ambulantes, como a “Feira do Migrante”, localizada no Centro. Além disso, reforçou que 45.323 migrantes e refugiados estão cadastrados em programas sociais na cidade.

A Prefeitura ressaltou ainda que “quaisquer excessos não contam com a anuência da gestão” e que medidas administrativas serão tomadas para revisar os procedimentos de abordagem da fiscalização. A nota na íntegra pode ser conferida aqui.

Resposta da Associação Haitiana 

O presidente da Associação dos Trabalhadores Haitianos no Amazonas (ATHAM), Abdias Dolce, criticou a forma como a ação foi conduzida. 

“Foi muito lamentável, tiraram as coisas dela como se fosse lixo. Não pensaram que era o sustento dela e da família”, afirmou.

Abdias relatou que soube do ocorrido imediatamente após o episódio e que tentou interceder junto à Prefeitura para recuperar os pertences da vendedora. “Entramos em contato e, depois de 30 minutos, já falaram que doaram as mercadorias dela. Pedimos ao menos a devolução do carrinho, mas ainda não tivemos resposta”.

O líder da associação ressaltou que a comunidade haitiana em Manaus, presente há 15 anos na cidade, sempre buscou trabalhar para se sustentar sem depender de assistências sociais. “Nós procuramos nossa vida com nossa força e nossa coragem. Não ficamos dependendo da assistência social”, afirmou.

O presidente também criticou a falta de diálogo da Prefeitura com os trabalhadores imigrantes. 

“Eu não sou contra o trabalho da Prefeitura nem dos fiscais, mas precisava de uma alternativa. Não chamaram nenhuma associação haitiana para debater, não abriram inscrições para regularizar os comerciantes em outros locais”, apontou.

A ATHAM segue aguardando um posicionamento da Prefeitura sobre a devolução do carrinho e a possibilidade de a vendedora conseguir um local adequado para continuar seu trabalho.

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