Há exatos cinco anos, em 11 de março de 2020, a humanidade vivia o início da maior tragédia de saúde já vista. Neste mesmo dia, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou oficialmente a Covid-19 como uma pandemia. Cinco anos depois, o impacto da maior crise sanitária do século ainda é sentido em reflexos de comportamento, mas especialmente por aqueles que perderam entes queridos. O mundo vivenciou o colapso dos sistemas de saúde, o isolamento social em larga escala e milhões de mortes, transformando profundamente a sociedade.
Hoje, 11 de março de 2025, cinco anos após o início da pandemia, o mundo se adapta a um novo cenário. Para Helso Ribeiro, cientista social e político, as mudanças que se destacam nesse período são as novas perspectivas de trabalho e a confiança da população na ciência.
“Nós criamos novos hábitos, ninguém falava com tanta veemência do trabalho de casa, do home office, e a partir daí experiências foram sendo feitas. Algumas experiências exitosas porque as pessoas viram que podiam trabalhar assim e ter um resultado produtivo de casa, é algo nunca visto. E eu entendo que alguns caminhos foram traçados dentre eles essa certeza de que as ciências biológicas não são exatas mas você não pode ignorar a ciência, os estudos. Eu penso que também ficou evidente o quanto a saúde pública no Brasil ainda deixa a desejar”, afirmou.
A vacinação contra a Covid-19, principal responsável pela redução dos casos graves, continua sendo incentivada. Mais de 5 milhões de doses foram aplicadas em Manaus, o que representa 79,97% das pessoas com o ciclo vacinal completo e 90,47% de pessoas com pelo menos uma dose do imunizante, apontam dados da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa).
A vacina contra a covid-19 está disponível gratuitamente em todas as unidades da rede municipal de saúde, diariamente e no horário regular de funcionamento. A exceção são as unidades de pequeno porte, que passam a oferecer a vacina em um único dia da semana, às quartas-feiras. A lista endereços e horários de atendimento das unidades pode ser acessada pelo link https://bit.ly/SalasVacinaJan25.
De acordo com as novas diretrizes nacionais, a vacina é destinada ao público de 6 meses a menores de 5 anos, conforme calendário infantil de vacinação, e aos idosos, gestantes e pessoas pertencentes aos grupos prioritários, que devem ser vacinados anualmente.
Princípio
A trajetória do coronavírus começou em dezembro de 2019, quando os primeiros casos de uma misteriosa pneumonia foram registrados em Wuhan, na China. Em janeiro de 2020, as autoridades confirmaram que se tratava de um novo coronavírus, nomeado posteriormente como SARS-CoV-2. Em março do mesmo ano, a rápida disseminação global levou à declaração de pandemia, marcando o início de uma batalha mundial contra o vírus. A situação só começou a se estabilizar em maio de 2023, quando a OMS declarou o fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional.
Crise de oxigênio
No Brasil, um dos episódios mais dramáticos da pandemia ocorreu no dia 14 de janeiro de 2021, quando Manaus enfrentou a falta de oxigênio na rede pública de saúde, problema que reverberou também em outros municípios do Amazonas.
Hospitais com capacidade máxima, sem disposição de leitos para novos internados e mortes por asfixia. O estoque de oxigênio da capital não era suficiente para atender os pacientes mais graves acometidos pela doença. De acordo com estimativas do Sindicato dos Médicos do Amazonas, cerca de 60 pessoas morreram por asfixia apenas no dia 14.
Em abril de 2024, o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE/AM) ajuizaram ação na Justiça Federal pedindo a condenação da União, do estado do Amazonas e do município de Manaus pela responsabilidade na falta de oxigênio medicinal, episódio que acarretou na morte de diversas pessoas pela falta do insumo. Somadas, as indenizações chegam a R$ 4 bilhões.
Em 2025
Atualmente, no Amazonas, embora a pandemia tenha sido oficialmente encerrada como emergência global, a Covid-19 continua presente. Dados da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-RCP) mostram que, entre janeiro e março de 2025, foram registrados 206 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por vírus respiratórios no estado, incluindo o coronavírus. O número representa uma queda de 22,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, mas ainda preocupa as autoridades de saúde.
Na semana passada, o Brasil registrou o menor número de casos e mortes por Covid desde 2020. Os dados registrados entre 2023 e 2024 demonstram uma queda de 54,1% de casos, além de uma redução de 59,6% de mortes, conforme dados do Ministério da Saúde.
Os avanços científicos e a capacidade de resposta dos sistemas de saúde revolucionaram o impacto da doença no mundo. O combate à Covid-19 não acabou, e a conscientização sobre prevenção e cuidados segue essencial para evitar novos surtos e proteger os mais vulneráveis. A vacinação salva.