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Trabalhadores em condições análogas à escravidão são resgatados em Maués

Polícia Federal, PRF, ICMBio, MTE, MPT e Funai trabalham em ação conjunta de combate ao garimpo e defesa dos direitos trabalhistas.

Escrito por
Redação
February 03, 2025
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Foto: Divulgação

Uma operação conjunta de órgãos federais resgatou trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão em uma área de garimpo ilegal no município de Maués, no interior do Amazonas (distante 267 km de Manaus). A Operação Mineração Obscura 2, realizada entre os dias 31 de janeiro e 3 de fevereiro, teve como objetivo não apenas a proteção dos direitos trabalhistas, mas também a inutilização de minas subterrâneas ilegais. A ação foi coordenada pela Polícia Federal (PF) e contou com o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

A operação foi desencadeada a partir de denúncias sobre exploração de trabalhadores em condições degradantes e o uso de cianeto na extração ilegal de ouro. Durante a ação, as equipes constataram que os trabalhadores enfrentavam jornadas exaustivas, ausência de direitos básicos e exposição a substâncias químicas altamente tóxicas. Além disso, foi identificado que a extração mineral ocorria por meio de minas subterrâneas, um método incomum e de alto risco.

O impacto ambiental da atividade clandestina também foi evidenciado. De acordo com estimativas, os danos causados pelo desmatamento, contaminação de lençóis freáticos e degradação de áreas de preservação já ultrapassam R$1 bilhão. Este garimpo, um dos mais antigos do Brasil, foi alvo de uma desintrusão inédita conduzida pela Polícia Federal.

Desdobramento da Operação Déjà Vu

A Operação Mineração Obscura 2 é uma continuação dos esforços iniciados pela Operação Déjà Vu, que tem como foco o combate ao garimpo ilegal na região do Rio Abacaxis, também em Maués, no Amazonas.

Em abril de 2023, a primeira fase da Déjà Vu resultou na prisão de seis suspeitos e na execução de dez mandados de busca e apreensão em diversas cidades, incluindo Manaus (AM), Nova Olinda (AM), Goiânia (GO), Itaituba (PA) e Campo Grande (MS). Além das prisões, houve o bloqueio de bens e valores dos investigados, além da destruição de estruturas do garimpo ilegal com apoio do ICMBio e da Força Nacional.

As investigações tiveram início a partir de denúncias de poluição dos rios e mortandade de peixes na região, essenciais para a subsistência das comunidades locais. A perícia identificou um esquema de lavagem de dinheiro, onde criminosos utilizavam Permissões de Lavra Garimpeira (PLGs) fraudulentas para “esquentar” o ouro extraído ilegalmente.

Nos meses seguintes, a Polícia Federal aprofundou as investigações e, em novembro de 2023, realizou a prisão de um dos principais envolvidos no esquema. Ele foi detido no Aeroporto Internacional de Manaus enquanto fazia uma escala técnica em um voo com destino a Confins (MG). O suspeito já havia sido preso anteriormente nos Estados Unidos.

O último alvo da Operação Déjà Vu foi capturado em março de 2024. Ele era considerado uma peça-chave na organização criminosa, liderando as atividades no Filão dos Abacaxis, uma das maiores áreas de garimpo ilegal da América Latina.

A Polícia Federal segue com as investigações para identificar outros envolvidos e desarticular completamente a organização criminosa.

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