Nesta segunda-feira (31), o governo do Senegal anunciou a dissolução do Partido Patriotas pelo Trabalho, Ética e Fraternidade (Pastef), a principal legenda opositora do país. A decisão foi tomada sob a acusação de que o partido estaria "promovendo atos violentos no país", referindo-se aos protestos que ocorrem desde maio contra as medidas econômicas do governo de centro-direita do presidente Macky Sall.
O Pastef é liderado pelo ex-promotor Ousmane Sonko, que está preso desde a última sexta-feira (28), acusado de oito crimes relacionados com a suposta organização dos protestos contra o governo. A prisão de Sonko e a dissolução do partido são consideradas medidas controversas, e seus advogados afirmam que sua prisão é um atentado contra a democracia, possivelmente com motivações eleitorais, já que ele lidera a maioria das pesquisas para as eleições programadas para fevereiro de 2024.
Além dessas medidas, o governo senegalês impôs restrições à internet, alegando que grupos opositores estariam difundindo fake news nas redes sociais para promover novos protestos. O ministro das Comunicações, Moussa Bocar Thiam, destacou que "o governo quer frear a disseminação de mensagens odiosas e subversivas nas redes sociais".
Os protestos no Senegal iniciaram em maio, devido à insatisfação da população com a política econômica do presidente Macky Sall. Embora o Pastef e Ousmane Sonko não tenham sido os responsáveis diretos pela organização dos protestos, muitos manifestantes o consideravam líder devido ao apoio popular ao seu projeto de reforma tributária no país.
Em junho, a crise política se agravou quando a Justiça condenou Sonko por "corrupção de menores e comportamento imoral", absolvendo-o da acusação de estupro, que gerou revolta entre seus apoiadores. Durante os protestos, a violência das forças de segurança senegalesas tem sido relatada por organizações de defesa dos direitos humanos, com registros de 23 mortes por ação da polícia e centenas de feridos nos últimos dois meses.