A grave seca que assola a Amazônia está afetando severamente a vida dos botos no Lago Tefé, região onde centenas de botos amazônicos já morreram no ano passado devido às condições climáticas extremas. Miriam Marmontel, líder do Grupo de Mamíferos Aquáticos do Mamirauá, fez um alerta sobre a situação crítica dos botos vermelhos e tucuxis, espécies icônicas da região, que estão encalhados em lagoas isoladas com níveis de água extremamente baixos e temperaturas perigosamente altas.
“Estamos preocupados com a repetição das condições do ano passado, quando pelo menos 209 botos morreram devido à baixa profundidade e altas temperaturas”, afirmou Marmontel, destacando que cerca de 15% da população de botos do Lago Tefé foi perdida. A equipe do Mamirauá recebeu um alerta sobre sete botos vermelhos presos em lagoas praticamente sem água, tornando urgente o resgate desses animais.
Apesar dos esforços, as operações de resgate são extremamente desafiadoras. “Os níveis de água estão tão baixos que tivemos que encerrar as operações um dia mais cedo,” disse Miriam. A equipe conseguiu resgatar apenas dois botos, uma fêmea adulta e um jovem macho, ambos em bom estado de saúde aparente, mas a dificuldade para alcançar as áreas isoladas torna o processo lento e complicado.
Os planos incluem o transporte dos botos resgatados para o rio Solimões, que possui maior volume de água. No entanto, o resgate enfrenta obstáculos, como o isolamento das comunidades ribeirinhas e o terreno difícil, com possibilidade de enfrentar lama ou praias secas.
Além dos resgates no Lago Tefé, a seca afeta outras partes da Amazônia. A plataforma Amazônia Latitude compartilhou um vídeo nas redes sociais mostrando o esforço de Edmar Lopes, um ribeirinho que resgatou um boto encalhado no Rio Madeira, próximo a Humaitá.
A seca transformou leitos de rios em praias secas, forçando esforços manuais para devolver os animais à água.
A seca já levou 20 municípios do Amazonas a decretar situação de emergência, afetando 63 mil famílias e causando danos graves à fauna e à flora da região.
“Estamos muito próximos do ponto crítico”, alertou Marmontel, indicando que as condições atuais no Lago Tefé se aproximam perigosamente das que resultaram na morte de centenas de botos no ano passado.
