Investigado pela Polícia Federal no Amazonas, o Projeto Resgatando Cativos, com sede em Itacoatiara, teve buscas realizadas em suas bases, onde os agentes de segurança procuravam documentos e provas das denúncias recebidas por testemunhas e internos que escaparam do local.
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De acordo com testemunhas, o “Pastor” Arison Farias de Aguiar andava costumeiramente a noite, fazendo lives para buscar “seus filhos” os usuários de drogas que ele dizia ajudar, em seu projeto ‘Resgatando Cativos”.
Essa exposição exagerada é frequentemente usada como apelo para convencer as pessoas a participarem do Resgatando Cativos.
Comovidas com as lives produzidas por ele e sua esposa, Nívia Aguiar, as pessoas eram induzidas a apadrinharem os “Cativos” e enviarem valores para que as pessoas resgatadas tivessem acesso a itens básicos e pudessem se recuperar.
A Operação Cativos teve apoio do Ministério Público do Trabalho, Ministério do Trabalho e da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc-AM).
De acordo com a PF, os internos estavam em condição análoga a escravidão. Projeto prometia resgatar e tratar de dependentes químicos, mas a situação encontrada pelos policiais federais foi de falta de material de higiene, alimentação inadequada e trabalho forçado.
Nesta matéria vamos abordar como os integrantes do “projeto” agiam, mas você outros detalhes sobre a Operação Cativos, deflagrada pela PF podem ser acessados aqui.
Modus Operandi
Uma das envolvidas no crime é Mônica Monteiro, mais conhecida como ‘Mônica dos Cativos’, uma voluntária do projeto, que residia em Portugal, e orientava as pessoas como o apadrinhamento deveria ser feito.
Conforme as testemunhas, Mônica era a coordenadora dos padrinhos e madrinhas, e utilizava a conta do filho de forma recorrente para receber as doações, tanto no Brasil quanto no exterior.
Ela também afirmava que era necessário enviar um valor fixo por mês, e qualquer item que um padrinho quisesse dar, mesmo que fosse um sabonete, que a pessoa responsável não enviasse, mas depositasse o dinheiro na conta da “pastora”, esposa de Alisson, para que ela comprasse o item.
Controle “parental”
Os internos poderiam falar com seus padrinhos uma vez por semana, sempre na presença de um dos membros do projeto, mas que em algumas vezes os cativos relataram algumas situações, como a falta de itens básicos de higiene e roupas íntimas.
Além dos envolvidos que criaram a farsa para tirar dinheiro dos padrinhos, alguns dos internos eram cúmplices, como o “Arlei” ou “A lenda” que fingia sair do projeto e retornar pedindo por uma nova chance.
Essa informação foi descoberta por uma das madrinhas que, durante uma vídeo chamada com o interno que ajudava, percebeu uma segunda pessoa no quarto, e perguntou, recebendo como resposta “É o Arlei, ele tá escondido aqui” e em seguida escutou “Arlei, o pastor tá pedindo para você pegar a sacola e ir pra frente do portão fingir que quer entrar”.
As testemunhas relatam que a autoridade do “Pastor” não é exercida apenas de uma forma religiosa, mas os internos precisam respeitá-lo como pai, sendo obrigados até mesmo a pedir a “benção” e sendo colocados de castigo, como ficar sem o uso do celular, caso saiam do comportamento que ele acha adequado.