Um estudo realizado pelo Observatório BR-319 apontou que a rede de ramais ligados à BR-319 é quase seis vezes maior que a extensão total da própria estrada. Os principais municípios conectados a essas vias são Canutama, Humaitá, Manicoré e Tapauá.
“A BR-319 viabiliza o surgimento e expansão de ramais e, juntamente com a BR-230, são os principais vetores de desmatamento nesses municípios. É notável que o processo de abertura e expansão dos ramais continua em andamento e, dada sua associação com a grilagem de terras, degradação florestal e desmatamento, é fundamental que ações efetivas de comando e controle sejam implementadas por parte dos órgãos responsáveis”, afirma a consultora da Iniciativa de Governança Territorial do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), Tayane Carvalho.
Canutama é a cidade com maior número de ramais, contabilizando 1.755,7 km; depois vem Manicoré com 1.704,1 km; Humaitá, com 1455,6 km; e Tapauá, com 176,8 km. O ano em que esse crescimento mais avançou foi 2020, com 627 km dessas vias sendo abertos somente naquele ano.
“Observamos um contínuo avanço do crescimento de ramais e desmatamento nas áreas protegidas ao redor do distrito de Matupi, sul do município de Manicoré. As Terras Indígenas dessa região estão há meses entre as 10 que mais desmatam na Amazônia Legal”, acrescentou o analista de Sistema de Informação Geográfica do Idesam, Thiago Marinho.
O estudo recomenda ainda ações efetivas de fiscalização, comando e controle por parte das instituições responsáveis; combate à exploração predatória de madeira, incentivo às concessões florestais e ao manejo florestal comunitário; estratégias efetivas de monitoramento e controle de territórios indígenas por parte do Estado, entre outras.