Vou falar com vocês sobre algo mais pessoal hoje. Na realidade, tem mais relação com o lado profissional porém, esbarra naquilo que eu pouco menciono por aqui, na verdade no que eu pouco revelo de cobrir o futebol amazonense, ser repórter, ter fontes, informar e desagradar. É um processo natural isso acontecer, afinal como jornalista eu preciso reportar os fatos. Confio nas minhas fontes e dou a toda liberdade para buscar a maior ética jornalística, a qual inclusive prezo até hoje na minha profissão.
Em todos esses anos de cobertura no futebol amazonense, ajudei e noticiei coisas boas muito mais do que as ruins e por dois motivos bem pessoais. Primeiro que, quando comecei nos campos lá em 2012, eu escutava sorrateiramente que o futebol o qual eu me dedicava, não existia e que na verdade era uma total perda de tempo. Fui motivo de muita chacota porque estava em jogos que ninguém podia imaginar porque eu deveria e queria estar ali. Vendo um cenário, conhecendo de perto a trajetória dos clubes, passei a internalizar que eu precisava fazer algo diferente. Sem tapar o sol com a peneira e romantizar as dificuldades, passei a observar com olhos daqueles que não queriam. Olhar o lado positivo da coisa.
Comecei a buscar as pautas positivas, as histórias e muitas delas misturadas em grandes histórias que mereciam ser contadas e divulgadas. Quando isso de fato pode ser concreto, lá pelo ano de 2017/2018, fui dando ainda mais a minha parcela de contribuição ao futebol amazonense.
Todos os dias com notícias de histórias e assim fui apresentando um futebol que tem aqui. Porque eu não aceito até hoje que os gestores ruins sejam o resumo do futebol amazonense assim como eu sei que em algum momento os bons dirigentes passarão por tempestades. Eu não estou dizendo que inventei a boa notícia e muito menos que ela exista 100%. Mas eu tenho consciência tranquila que NUNCA inventei uma notícia falsa.
Sempre fui baseada por princípios que me fazem um ser humano, muito antes de ser como sou profissionalmente. Fala-se tanto em respeito, mas pouco se diz sobre.
A postura dos dirigentes, como eles lidam e tratam com seus assuntos mais cascudos e ruins, é escolha deles. Como jornalista, é meu papel investigar, informar. Ainda que seja algo que vá desagradar, faz parte do processo. Aí eu digo que eu sempre faço a equação do bom senso. Vamos lá:
Quando eu noticio que um clube deve seus atletas, o que é algo grave e sério, jamais publicaria como inverdade ou para “criar” algum tipo de clima como gente tapada ainda acha, que a imprensa é quem cria o ambiente hostil.
Existe uma frase que gosto muito e fala que quando um carteiro leva sua conta de cartão em casa e você fica com raiva dele, esquece que quem fez compras foi você. Eu nunca gostei de noticiar essa parte cruel do futebol e que tem ATÉ EM CLUBE GRANDE. Porque quando eu citei os princípios e o norte que busquei para cobrir o futebol amazonense, é como se eu tivesse falando mal do próprio produto que “vendo”.
Mas, existe o senso comum. Uma notícia de salário atrasado é ruim para uma minoria que não soube se planejar, negociar e acima de tudo ser transparente com sua tropa. Agora do lado de quem precisa do salário para viver, para sustentar sua família, seus sonhos, seus projetos, a notícia é um grito de socorro que muitos não podem e não conseguem gritar.
O nível subterrâneo de quem por desagrado ao seu trabalho, passa a te boicotar, te limar, te criticar, te queimar, te afetar diz muito mais da pessoa. Porque jornalista TRABALHA com fatos.
Um jogador uma vez disse assim: “as pessoas exigem de você a verdade que elas gostam de acreditar”, e é bem isso.
Aí teve outro sensato também, que anos atrás falou que numa régua geral, esquecem das notícias que ajudei o clube a ser bem divulgado. É aquela máxima de que você vai fazer 99 vezes algo mas só em uma é que vão fixar o olhar e normalmente é de ingratidão.
Eu fecho aqui esse papo reto com vocês com uma frase: A consciência tranquila que nos faz dormir em paz, é sem dúvida a maior verdade dos fatos.