O presidente do Parlamento do Canadá, Anthony Rota, anunciou nesta terça-feira (26/09) sua renúncia ao cargo após o escândalo envolvendo um convite e homenagem a um ucraniano ex-soldado nazista da Segunda Guerra Mundial, durante um evento na Câmara. O incidente contou com a presença do primeiro-ministro Justin Trudeau e do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
"É com grande pesar que informo os membros [da casa legislativa] sobre a minha renúncia como presidente da Câmara dos Comuns", declarou Rota.
Antes de sua renúncia, Rota emitiu um pedido de desculpas, no domingo (24/09), admitindo ser o único responsável pela homenagem e expressando arrependimento por suas ações.
No evento realizado na última sexta-feira (22/09), Yaroslav Hunka, de 98 anos, convidado à Câmara canadense por Rota, foi aplaudido por sua atuação na Primeira Divisão Ucraniana, conhecida como Divisão Galícia, que colaborou com a SS, o exército paramilitar do Partido Nazista de Adolf Hitler, durante a Segunda Guerra Mundial. Essa divisão foi acusada de praticar diversos crimes de guerra.
A renúncia de Rota causou reações internacionais. A Rússia criticou a transformação do presidente do Legislativo em bode expiatório e questionou a falta de pedidos de desculpas pelos slogans nazistas usados por Zelensky na ocasião.
O ministro da Educação polonês, Przemyslaw Czarnek, apelou ao presidente da Polônia, Andrzej Duda, para que solicite a extradição de Yaroslav Hunka, alegando que ele pode ser procurado por crimes contra a nação polonesa e judeus poloneses. Hunka foi membro da unidade nazista Waffen SS.
O caso teve ampla repercussão internacional, levando a ONU a rejeitar a homenagem prestada pelos parlamentares canadenses ao veterano nazista. O episódio gerou tensões diplomáticas entre o Canadá, a Rússia e a Polônia, bem como críticas de organizações de direitos humanos.
O presidente Trudeau afirmou que nem ele, nem a delegação de Zelensky, tinham conhecimento prévio do convite e dos planos do Parlamento para homenagear o ex-comandante nazista. Ele atribuiu a responsabilidade da seleção de convidados ao serviço de protocolo do governo.