A recente polêmica envolvendo a atriz Karla Sofia Gascón, primeira pessoa trans indicada ao Oscar, gerou uma onda de apoio e indignação entre latino-americanos de diferentes países, após a divulgação de antigas publicações suas no X, antigo Twitter, com conteúdo de cunho xenófobo, racista e islamofóbico. Suas críticas à equipe de Fernanda Torres e ao filme Emília Pérez, acusado de estereótipos pelos mexicanos, também intensificaram a controvérsia. Apesar disso, Gascón segue na disputa pelo prêmio de “Melhor Atriz”.
A controvérsia começou quando a jornalista canadense Sarah Hagi divulgou prints de antigos posts de Gascón, em que ela fez comentários considerados preconceituosos, como uma crítica ao ilsamimso, à morte de George Floyd e ao movimento Black Lives Matter, além de manifestações contra a cerimônia do Oscar de 2021.
Em um post de 2020, a atriz criticou o isalmismo por suas práticas.

“O islamismo é maravilhoso, se nenhum machismo. As mulheres são respeitadas e, quando são respeitadas, ficam com um pequeno buraco quadrado no rosto para que seus olhos fiquem vuisíveis e suas bocas, mas apenas se ela se comportar. Embora se vistam assim para seu próprio prazer. Quão profundamente repugnante da humanidade”, escreveu.
Sobre George Floyd cuja a morte incitou protestos globais contra o racismo e a brutalidade policial, Gascón postou em 2 de setembro de 2020:

“Eu realmente acho que muito poucas pessoas se importam com George Floyd, um vigarista viciado em drogas, mas sua morte serviu para emonstrar mais uma vez que há pessoas que ainda consideram negros como macacos sem direitos e considerem policiais como assassinos. Todos errados”.
Uma outra publicação também chamou atenção, em que a atriz faz comentários sobre a cerimônia do Oscar 2021, que foi a primeira realizada após a pandemia de Covid-19.

“Cada vez mais o Oscar está parecendo uma cerimônia para filmes independentes e de protesto, eu não sabia se estava assistindo a um festival afro-coreano, a uma manifestação da Black Lives Matter [Vidas Pretas Importam] ou ao 8 de maio [Dia da Mulher].”
Polêmicas através as américas
Sua participação no filme “Emilia Pérez” também foi alvo de críticas. A produção, que gerou grande polêmica, irritou especialmente o público mexicano, que se sentiu incomodado com a representação do país e seus estereótipos culturais.
Já no Brasil, durante uma entrevista à Folha de São Paulo, a atriz enfrentou comentários negativos por suas declarações negativas sobre a equipe de Fernanda Torres, alegando ataques a sua pessoa. As falas repercutiram e fizeram até com que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos, responsável pelo Oscar, avaliasse a sua candidatura.
Repercussão negativa
De acordo com a revista “The Hollywood Reporter”, a plataforma de streaming Netflix decidiu afastar a protagonista do filme, Emilia Pérez, das campanhas promocionais da produção nos Estados Unidos após a divulgação dos tuítes da artista.
Ainda de acordo com o “The Hollywood Reporter”, Karla Sofia foi excluída de eventos em Los Angeles, incluindo a homenagem no Virtuosos Awards, que ocorrerá no Festival de Santa Barbara, no próximo domingo (9).
Posicionamento
No sábado (1/02), em entrevista a CNN Espanha, ela alegou que “as publicações racistas e preconceituosas foram distorcidas e, em alguns casos, até fabricadas”, em uma tentativa de sabotar sua candidatura. Gascón se defendeu, explicando que não poderia abrir mão da indicação, pois não cometeu crime algum.
“Eu não posso renunciar a uma indicação ao Oscar porque não cometi nenhum crime nem prejudiquei ninguém. Não sou nem racista, nem qualquer coisa que todas essas pessoas tentaram fazer com que os outros acreditem que eu sou”, disse à CNN.
Fernanda Torres também se pronunciou sobre as polêmicas envolvendo a reta final do Oscar 2025, relacionadas ao filme “Emília Pérez” e a atriz Karla Sofía Gascón.
“O Brasil tem uma presença muito forte na internet. Nos últimos 10 anos, os artistas aqui precisaram aprender a lidar com esse ambiente selvagem. Foram alvo de notícias falsas e agressões“, disse à Vogue americana.
“Fiquei em choque com o que aconteceu. É triste, realmente chocante. Mas sou totalmente contra a cultura do ódio na internet. Fui alvo disso e sempre lutei contra essa realidade”, concluiu.
A situação continua a gerar debate nas redes sociais, com muitos latino-americanos divididos sobre o comportamento da atriz e a representação cultural no cinema.