<p><em>“ALLAHU AKBAR”, </em>em português ‘Deus é o maior’, gritou um homem ao abrir fogo em um atentado na França no ano de 2018, entonação esta que ficou bastante conhecida por ser um padrão dos extremistas do Estado Islâmico, um dos grupos terroristas mais intolerantes do mundo.</p>
<p> O terrorista do Estado Islâmico cultiva o pensamento de acreditar que, “Nossa religião é mais importante que a sua e faremos exatamente tudo para impor isso!”. Facilmente se identifica uma intolerância religiosa extrema neste comportamento.</p>
<p>Porém, há outros tipos de intolerância e é aí que entra o Brasil atual. Neste aspecto, a intolerância política nunca foi tão presente no processo democrático brasileiro. Como explicar no futuro que no ano de 2022, pessoas estavam matando por idealismo político? Como explicar que as pessoas estavam matando por acreditar que “meu candidato é melhor que o seu’’?</p>
<p>O caso que aconteceu em Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, onde o guarda municipal e tesoureiro do PT Marcelo Aloizio de Arruda, de 50 anos, morreu após ser baleado na própria festa de aniversário, é prova real do que estamos vivendo. No presente caso, Marcelo comemorava com o tema do ex-Presidente Lula, quando foi surpreendido com disparos realizados por um policial penal federal que, antes de disparar, gritou: “Aqui é Bolsonaro”, como afirmam testemunhas.</p>
<h2><strong>Mas como explicar essa polarização, esse extremismo?</strong></h2>
<p>Bom, o fato é que o brasileiro historicamente nunca escolheu o seu voto por ideologia, plano de governo ou quaisquer propostas.</p>
<p>Isso vem desde a era Vargas. Apesar de ter sido um ditador, apesar de ter mandado opositores para a cadeia, apesar de ter afinidades ideológicas com o fascismo, apesar de tudo isso e mais um pouco, Vargas, que era chamado de ‘pai dos pobres’ ainda é considerado por muita gente, sobretudo pela esquerda de Ciro Gomes e do ex-presidente Lula, um herói nacional.</p>
<p> Isso mostra que o povo sempre viu políticos como líderes messiânicos onde iriam realizar milagres e finalmente ‘mudar o Brasil’. Assim foi quando elegeram Collor, o rosto bonito do Planalto. FHC, o príncipe! Até chegar em Lula, o filho do Brasil.</p>
<p>Com o mesmo <em>modus operandi</em> eis que surge o Messias. Não o judeu, o católico mesmo. Jair Messias Bolsonaro, surge como cara nova, o homem que vai mudar a política brasileira, varrer a corrupção, transformar o Brasil em uma potência, vestir a roupa de herói que a população sempre esperou.</p>
<p>Porém, mais uma vez, a população viu que heróis não existem. Não em uma democracia! Entretanto, dessa vez, seu mandato não vai passar em branco.</p>
<p>Jair Bolsonaro, com seu discurso desestabilizado, ignorante e de ódio, instiga o que sempre existiu, mas que permanecia adormecido entre os brasileiros. A ira! Com sua postura autoritária, machista, homofóbica e extremista, potencializa uma retórica furiosa contra os adversários.</p>
<p>Transforma o que seria para ser uma luta de ideias, em luta de ideais. Porém, apenas o ideal dele é o correto. Como se fosse um movimento pendular, onde o lado dele (Direita) é totalmente correto e o outro lado, a esquerda, é totalmente desnecessária, podendo até mesmo ser extinta.</p>
<p>Tudo isso estimula seus eleitores, cada vez mais extremistas, a atacar seus adversários. Como aconteceu recente quando um homem foi preso por explodir uma bomba que continha fezes em um movimento que recebia o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, seu principal concorrente. Pode-se inclusive a comparar esse extremismo político com o terrorismo do Estado Islâmico, que ao invés de matarem por ‘<em>Alá’</em>, matam por Jair. A partir do dia 16 de agosto, é permitida a propaganda eleitoral na internet e na imprensa. Tudo indica que essa será uma das eleições mais sujas (literalmente), dos últimos anos. A preocupação maior é qual legado essas ações extremas vão deixar quando a corrida eleitoral acabar. Continuaremos com ideias extremistas a procura de heróis?</p>