Esporte

O tipo de notícia que adoece toda mulher no futebol

Não existe uma mulher que eu não conheça que sinta uma angústia na pele ao se deparar com esse tipo de notícia. É lamentável, assustador e muito difícil mentalmente.

Escrito por Larissa Balieiro
8 de setembro de 2025
Foto: Divulgação

Aqui eu vou escrever muito quase como um desabafo porque a segunda-feira começou bem amarga e assustadora com essa notícia de que um árbitro de futebol está sendo acusado de agredir uma jogadora de futebol, ambos tinham um relacionamento pessoal. Não existe uma mulher que eu não conheça que sinta uma angústia na pele ao se deparar com esse tipo de notícia. É lamentável, assustador e muito difícil mentalmente.

Esse é o tipo de informação que nos visita em vários sentimentos e momentos. Eu nunca fui agredida fisicamente, mas psicologicamente é quase que comum no meio do futebol, que é um ambiente hostil para toda mulher. Não importa se acabou de chegar nesse meio ou se está há anos. A gente vai engolindo situações, falas e até comentários porque precisamos conviver. A mulher que fala, que denuncia, que grita, que se posiciona e que se coloca na linha de frente de qualquer defesa, é constituída pelo mesmo grupo de homens como a louca, implicante e até mesmo a “difícil de lidar”.

Todas às vezes que me deparo com essas notícias, eu demoro um tempo para publicar porque meu estado emocional vai ao chão. Eu fico gelada, tensa, com dor no corpo, nervosa e trêmula. Porque eu já penso na proporção disso. Com quantos machos escrotos vou precisar lidar, brigar, explicar. Com quantos eu vou me decepcionar ao ler uma afirmação ou até mesmo uma dúvida. É raríssimo um homem que se posicione rapidamente sobre um caso de agressão contra mulher. Normalmente são os mesmos que dizem que repudiam da boca para fora.

As notícias que envolvem agressão física contra mulher ou qualquer tipo de ano, nos tira um pouco de paz sim. Porque dificilmente a gente não fica mexida com isso. A gente se questiona em que momento estaremos seguras? Até quando? A gente se desgasta tentando entender, defender, expor, falar. Mas, às vezes, o silêncio também nos mata porque a gente revisita traumas.

A jogadora, no breve relato que tive com ela, afirma que o comportamento era comum e estava recorrente, mas que, ela precisava dar um basta. E aí vi homens questionando o tipo de relação que eles tinham, o outro dizendo que toda “ação gera uma reação”. É INACREDITÁVEL!! E é muito por isso que muitas não denunciam, que acabam se calando.

Porque vivemos uma era em que somos desacreditadas por conta dos relatos inverídicos de algumas e que são apenas uns mínimos perto dos máximos de denúncias que temos de agressões contra mulheres. Na balança, sempre se recordam da mulher que usou de forma errada esse espaço de fala do que dos inúmeros casos de mulheres agredidas e mortas todos os dias. Aliás, deixa eu trazer uns dado verídico aqui: – Uma mulher é agredida fisicamente a cada 2 minutos no Brasil;

Portanto, sim. Essa notícia adoece toda mulher, principalmente quando a violência está perto de você, como neste caso: dentro do futebol, no estádio, no campo e a poucos metros.

A propósito, a Federação Amazonense de Futebol emitiu nota repudiando a agressão do árbitro contra a jogadora, conforme acusação da vítima e confirmou o afastamento do mesmo.

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