<p>Apesar de o segmento de publicação de livros estar passando por uma constantes atualizações, necessitando, inclusive, realizar toda a transformação para o digital, não podemos negar a força das grandes editoras no Brasil. Entre as quais estão: Companhia de Letras, Aleph, Suma, Princips, Sextante, FDT e Saraiva.</p>
<p>É de conhecimento geral que não é muito fácil ser escolhido por uma, sendo um autor desconhecido. Por esse motivo, muitos aspirantes a escritores passam a vida toda apenas sonhando com a carreira de autor, sem realmente dar um passo à frente. Quando o autor finalmente é selecionado por uma editora, nem tudo é como se espera. A editora pode fazer determinadas exigências em relação ao conteúdo do livro que vão de encontro com suas vontades, e caso sua obra siga uma tendência, é possível que essa tendência já tenha esfriado até o livro chegar às prateleiras. </p>
<p>Em Manaus ainda é muito difícil escrever e publicar livros, para os escritores da região amazonense, o cenário fica cada vez mais complicado. Em resumo, você deve desembolsar cerca de R$ 5.000 se quiser publicar um livro pequeno, em torno de 150 páginas, e terá direito à 30% ou menos da receita obtida com a venda dos livros. </p>
<p>É pela burocracia e alto custo, que muitos optam por abrir sua própria editora, foi o caso de <strong>Wilson Prata</strong>, que publicou seu livro de forma independente e criou sua própria editora.</p>
<p><strong>COMO SURGIU A IDEIA DE ESCREVER UM LIVRO?</strong></p>
<p>Eu tinha alguns textos soltos que vinha escrevendo mais como uma forma de exercício de escrita. Quando estava no centro, ali pelo mercado, conheci o Ney Metal, ele estava vendendo alguns fanzines. Comprei um chamado "A vida da dona Maria e seus filhos na pandemia". Eu achei muito interessante a história e a forma como o fanzine foi produzido, de modo bem autoral. Na mesma época conheci uma outra editora independente, a Monstro dos Mares, e eles também promovem muito essa questão de produzir e distribuir. Veio a ideia de fazer algo parecido, focar mais em produzir, em dar forma àqueles textos que estavam parados em um arquivo de texto, e não me preocupar tanto em fazer algo perfeito. O Ney tinha uma história para contar, foi lá, escreveu, produziu, fabricou e distribuiu. Graças a atitude dele que eu tive acesso àquela história. Pensei que poderia fazer o mesmo.</p>
<p><strong>QUAL FOI A DIFICULDADE EM ABRIR SUA PRÓPRIA EDITORA?</strong></p>
<p>Na verdade só precisei de tempo e alguns recursos para produção. Foquei em produzir e não em fazer algo muito certinho. Não tenho uma editora, não tenho CNPJ e nem registro de nenhum tipo. Eu trabalho na área de tecnologia, usei meu tempo livre para fazer a "editora" e o livreto. Hoje, tenho um livreto impresso, que eu mesmo comercializo, e um <a href="http://www.coati.cc" target="_blank" rel="noreferrer noopener">site</a><strong> </strong>para quem quiser consumir o conteúdo de modo gratuito.</p>
<p><strong>O LIVRO FALA SOBRE O QUÊ?</strong></p>
<p>Manaus Marginal é um livreto de narrativas amazônicas. As fotografias que ilustram o texto foram tiradas de locais particulares e usam uma perspectiva periférica para enxergar a cidade, a floresta e seus caminhos. Trata-se de uma representação de Manaus e seus arredores. Os objetos e temas escolhidos não são aqueles da "Belle Epoque", da "Paris dos trópicos", da cidade suntuosa celebrada em fotografias e cartões postais. Tem-se aqui uma Manaus mais humana, e como todo humano, com defeitos, cicatrizes e imperfeições. Do mesmo modo, a floresta não é o "inferno verde" ou um "mundo perdido". Trata-se de um espaço familiar para seus habitantes, com suas particularidades e desafios. Esse pequeno livro é uma tentativa de celebrar essa cidade e suas proximidades a partir da vivência individual, que caminha por lugares esquecidos e apagados pelas grandes narrativas, tentando demonstrar que a periferia possui uma força estética singular se soubermos apreciar sua força.</p>
<p><strong>LEVOU QUANTO TEMPO PARA O LIVRO SER LANÇADO?</strong></p>
<p>Ali tem texto de alguns anos. Eu trabalhei no centro, tive oportunidade de viajar para algumas cidades do interior. Estudei um tempo no Rio de Janeiro, o que me permitiu um olhar distanciado da cidade e, com isso, apreciar suas particularidades. Para produzir mesmo, foi relativamente rápido, coisa de dois meses. Eu fiz o texto, as fotografias e o projeto gráfico, mas tive apoio da Luana Silva com a revisão, a Samara Nina ajudou na preparação para a impressão.</p>