É impossível não falar desta tentativa de homicídio aos jogadores do Fortaleza. Quando algo assim acontece, toda a comunidade do futebol precisa sentir e refletir o que tem feito para combater esse tipo de atitude. É certo que o Sport não tem culpa da sua fanática “torcida”, mas uma nota de repúdio apenas, não vai assustar e muito menos conscientizar essas pessoas de que o que fizeram foi criminoso. Os clubes precisam se expor mais quanto a esse tipo de prática, deixar evidente que até a identificação dos suspeitos, medidas severas serão tomadas contra todos. Isso pode está correto? De um, paga todos? Não sei, mas eu nunca fui fã de notas de repúdio porque elas são apenas palavras. Eu gosto de gestos.
O que aconteceu aos jogadores do Fortaleza é uma parcela maior dos casos sérios de torcidas organizadas perdendo o tom por causa de um clube. No futebol amazonense, o cenário não é grandioso, mas é assustador sim. No jogo do Amazonas x Princesa do Solimões tivemos registro de briga, por exemplo. E quando eu cito esse tipo de comportamento, é porque em outros lugares já passou dessa questão. Quando você normaliza uma briga dessa em estádio, você deixa o espaço propício para receber outro tipo de confusão.
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É revoltante o que aconteceu com o elenco do Fortaleza. Quem é do futebol ficou nesse sentimento de puro ódio, raiva. Quem essas pessoas pensam que são pra acharem que jogar bomba em um ônibus, vai resolver algum resultado ou desempenho? Vi atletas, dirigentes, jornalistas todos revoltados e com razão.
Vi uma discussão sobre o fim de torcidas organizadas. Ainda que muitas apresentem lindos espetáculos em jogos, outras mereciam o fim mesmo. Isso me recordou uma vez que estava em São Paulo e neste dia eu fui assistir pela manhã o clássico paulista feminino: Palmeiras x São Paulo no Allianz. Após o jogo, quis ficar para tentar uma foto com as atletas amazonenses dos clubes: a Samia e a Flávia do Palmeiras e a Mica do São Paulo. Naquele dia aconteceria mais à tarde o clássico masculino entre Palmeiras e Corinthians. Presenciei a chegada das organizadas do Palmeiras, isso mais de cinco horas antes do jogo.
Percebi que são autorizados 10 membros, com identidades e devida identificação por parte da segurança do estádio. Aí eles entram e chega um caminhão-baú com os acessórios que serão usados pela torcida durante o jogo. Tudo é revistado, perguntado. Dura um tempo essa conferência. Nesse meio tempo, algumas atletas do São Paulo resolveram sair a pé do Allianz pra pegar Uber lá fora. Um segurança precisou ir, e recomendou que elas tirassem a roupa do tricolor.
Querem mais um relato, fui assistir a Copado Brasil no Itaquerão. Era Corinthians e Remo, e eu fui convidada pelo clube paraense pra assistir por estar em São Paulo. Fui com a camisa do Leão e fui de torcida visitante, mas desde o hotel a recomendação era pra eu não ir exposta. Coloquei um casaco e fui pro jogo. Antes do final das cobranças de pênaltis, optei em sair do estádio e no caminho, vi muita gente que estava na mesma torcida que eu (do visitante) trocando de roupa. Ainda a caminho da rua principal pra achar um Uber, teve o apito final e o Corinthians classificado. De repente os portões se abriram e uma mutirão saiu correndo de lá. Eu tive a sensação que deveria correr mas não quis mostrar pânico. Fui andando e torcendo pro Uber aceitar logo. Quando enfim entrei no carro, me senti segura e contei a situação ao motoriza que me alertou “eles correram porque sempre da briga. E quem não é de briga, tem medo e corre logo. A senhora deu sorte”. Eu nem quis dizer que era da torcida visitante. Virei Corintiana ali mesmo. Vai que ele era um fanático né?
Esses relatos mostram o quão o futebol brasileiro com torcidas organizadas é perigoso em algum ponto. Perigoso para quem vai assistir, vai trabalhar. A gente fica reflexivo quanto a esses casos, não tem como. A torcida do Sport depredou o estádio ainda.
A propósito, a atualização da situação do Fortaleza é que foram seis atletas atingidos, dos quais alguns precisaram de pontos cirúrgicos e passarão por exames. Isso tem que ter um BASTA! Foi crime e esse pessoal tem que ter punição.
