<p>Focos de incêndio no Amazonas aumentaram cinco vezes mais somente em agosto (8.116 registros), em comparação a julho (1.428). A escalada coincide com a chegada do verão amazônico, período em que grileiros e desmatadores ilegais costumam realizar queimadas em razão da menor frequência de chuvas. Os dados são do sistema de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).</p>
<p>O número de focos de incêndio registrados no Amazonas em agosto é o segundo pior da série histórica, que começou a ser medida em 1998. A quantidade relatada em agosto de 2022 (8.116) por pouco não ultrapassou o máximo já verificado pelo sistema, 8.588, em agosto de 2021.</p>
<p>Os dados apontados pelo Inpe são a comprovação do que se observou neste m��s, no Amazonas. Apesar de a fumaça de queimadas já ser mais frequente em determinadas regiões do estado, como o Sul, desde o último dia 19, Manaus foi tomada por uma ‘neblina’ decorrente dos incêndios. Mesmo com a redução do fenômeno nos dias seguintes, até esta quinta-feira (1) ainda era possível observar a cobertura de fumaça ao olhar o horizonte na cidade.</p>
<p>A ‘nuvem’ de fumaça foi explicada pelo meteorologista e mestre em Clima e Ambiente, Willy Hagi, para A CRÍTICA, no último dia 20. “A passagem de um sistema meteorológico frontal pelo Sul do Amazonas, Acre e Rondônia nos últimos dias acabou ajudando a trazer um pouco da poluição dessas regiões para cá”, disse ele.</p>
<h2>Amazonas no ranking</h2>
<p>Entre os estados da Amazônia Legal, o Amazonas está em segundo lugar entre os que mais registraram focos de incêndio em agosto. O primeiro lugar ficou com o Pará, com 12.472 registros. Outros estados são Mato Grosso (7.699), Rondônia (3.512), Maranhão (3.473), Acre (2.638), Tocantins (2.298), Roraima (40) e Amapá (37).</p>
<p>Em toda a Amazônia Legal, os focos de incêndio são 33.116, maior número desde 2010. Segundo a organização Greenpeace Brasil, todos são ilegais, já que o Decreto nº 11.100, de junho deste ano, proibiu o uso de fogo na Amazônia e no Pantanal. A entidade chegou a sobrevoar em agosto a região conhecida como Amacro (siglas de Amazonas, Acre e Rondônia), onde há um arco de desmatamento e queimadas. </p>
<h2><strong>Cenário</strong></h2>
<p>Segundo o coordenador da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil, André Freitas, o alto número de queimadas em toda a região demonstra a perda de controle sobre os crimes contra o meio ambiente. Ele aponta a falta de combate por parte do governo federal e afirma que os números pioraram a partir de 2019, com a eleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). <br>“Neste período tivemos flexibilização de leis ambientais, enfraquecimento dos órgãos de fiscalização e nenhum planejamento coordenado entre governo federal e estados para conter os crimes ambientais que são previsíveis e identificáveis com as ferramentas que órgãos como o Inpe tem”, disse.<br>Ele chama a atenção para o Sul do Amazonas, área que tem registrado altos índices de desmatamento – e consequentemente de queimadas – nos últimos anos. “Essa região é um dos últimos cinturões verdes desse bioma, tem sido palco do avanço da economia da destruição e responsável por 37% do desmatamento na Amazônia. A expansão dessa fronteira do desmatamento tem se dado sobre florestas públicas não destinadas (terras de todos os brasileiros), unidades de conservação e territórios indígenas”.<br>Combate<br>A reportagem questionou o Ministério do Meio Ambiente sobre quais ações estão sendo tomadas pelo governo federal para reduzir os índices de focos de incêndio no Amazonas. Em nota, a pasta informou que tem atuado de forma integrada com os órgãos de combate a crimes ambientais e forças de segurança para coibir as queimadas.<br>“A Operação Guardiões do Bioma, coordenada pelo Ministério da Justiça, com apoio do Ministério do Meio Ambiente, mostra redução de 24% das áreas queimadas em sua primeira fase – entre julho de 2021 e janeiro de 2022. Foram 3.853 ações preventivas, 1.607 multas aplicadas e 137 maquinários apreendidos, além de 1.580 animais resgatados nos 11 estados onde ocorreu a operação. A segunda fase da Operação foi lançada em junho e conta com investimento de R$ 60 milhões. A iniciativa conta com a inédita integração entre os ministérios, além de Ibama, ICMBio, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional, Censipam e Funai”, diz a nota completa.</p>
<p>Fonte: <a href="https://www.acritica.com/amazonia/no-amazonas-focos-de-incendio-crescem-cinco-vezes-mais-em-agosto-1.280314">Acrítica</a></p>