O nível do Rio Negro, em Manaus, desceu 93 centímetros nos primeiros 22 dias de julho, conforme dados do Porto da capital, responsável pelo monitoramento da descida das águas. Nesta segunda-feira (22), o rio está com 25,86 metros, intensificando o cenário de seca que ameaça a região.
A previsão é de que o estado do Amazonas enfrente uma seca severa em 2024, possivelmente pior que a do ano passado, quando o Rio Negro alcançou o nível mais baixo dos últimos 120 anos. A estiagem de 2023 colocou Manaus em estado de emergência, resultou no fechamento de escolas na zona rural e alterou drasticamente a paisagem de pontos turísticos importantes da capital.
O último registro de descida das águas havia sido em 16 de novembro do ano passado. Desde então, o Rio Negro vinha subindo lentamente até parar de encher em 17 de junho, mantendo-se estável por seis dias. No entanto, a partir do dia 23 de junho, as águas começaram a baixar novamente, e apenas em julho, o rio já desceu uma média de 3,8 centímetros por dia. Na última sexta-feira (19), a maior descida registrada foi de sete centímetros.
O cenário é semelhante em outros municípios do Amazonas. Em Itacoatiara, Tabatinga e Coari, os níveis dos rios também estão caindo. Segundo o boletim da Praticagem dos Rios Ocidentais da Amazônia (Proa Manaus), o Rio Amazonas em Itacoatiara desceu 45 centímetros entre 12 e 21 de julho. Em Tabatinga, o Rio Solimões caiu quase um metro desde 12 de julho, e em Coari, o Solimões desceu 82 centímetros desde 12 de junho.
A estiagem, que normalmente se inicia entre a última semana de junho e as primeiras semanas de julho, começou mais cedo este ano, já afetando severamente algumas regiões. Envira, no sudoeste do estado, já sofre com comunidades isoladas e cerca de dez mil pessoas impactadas. O Rio Tarauacá, que banha a cidade, está com 4,51 metros, destacando a gravidade da situação.
Em Tabatinga, a redução do nível do rio foi a primeira a ser registrada no estado, com as águas baixando 26 centímetros entre 17 e 18 de junho, chegando a 7,34 metros. Após uma oscilação entre subida e descida do nível do rio no final de junho, o Rio Solimões voltou a descer, marcando 5,11 metros na última sexta-feira (19).
Itacoatiara também apresenta níveis baixos, com o Rio Amazonas registrando 11,43 metros na última medição de sexta-feira (19), uma redução de 90 centímetros desde o pico em 10 de junho.