O médico e empresário Ricardo Stoppe Júnior, natural de Araçatuba, foi apontado pela Polícia Federal (PF) como o principal responsável por um esquema de fraude documental e ocupação ilegal de terras da União na Floresta Amazônica.
De acordo com as investigações divulgadas pelo portal G1 e pelo programa Fantástico, da TV Globo, Stoppe Júnior teria invadido cerca de 538 mil hectares de território na Amazônia, área comparável ao tamanho do Distrito Federal. A PF alega que, há pelo menos 20 anos, o médico se tornou um dos maiores grileiros do Norte do Brasil.
Segundo informações reveladas ao programa, Stoppe Júnior teria lucrado aproximadamente R$ 180 milhões com projetos de créditos de carbono e outros R$ 600 milhões com a extração ilegal de madeira. O médico foi preso em junho deste ano, mas as investigações sobre ele e seus sócios continuam em andamento. A PF identificou pelo menos 50 membros da organização criminosa, na qual Stoppe Júnior é apontado como um dos líderes.
A Polícia Federal afirma que o médico comandou um esquema de fraudes que lhe permitiu obter, de forma ilícita, a posse de mais de 500 mil hectares de áreas na Amazônia, muitas delas pertencentes à União. A investigação revelou que, através de documentos forjados e pagamento de propinas a funcionários de cartórios e do Incra, o grupo conseguiu alterar registros oficiais e legitimar a posse das terras.
O esquema envolveu a inserção de folhas falsas em livros de registros de imóveis rurais com quase 100 anos de existência. A quadrilha teria ainda simulado a compra de terras de uma família influente da região, utilizando um antigo casarão, que foi sede do governo do Amazonas, como fachada.
Os investigadores enfrentaram dificuldades devido à falta de transparência nos processos de regularização fundiária e à participação de órgãos oficiais nas fraudes.
Outro lado: médico alega inocência
Em resposta ao programa da TV Globo e ao G1, a defesa de Ricardo Stoppe Júnior afirma que o médico é inocente e que perícias técnicas e contábeis irão esclarecer as acusações. Alegam também que sua prisão é desnecessária, uma vez que ele é réu primário e sem antecedentes criminais.
Posicionamento do Incra
O Incra, por sua vez, emitiu uma nota afirmando que está colaborando plenamente com a Justiça e encaminhando títulos de terra suspeitos para análise de órgãos como o Ministério Público Federal e a Polícia Federal, além de investigar a conduta dos servidores envolvidos.