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Segurança

Jovem portando suposta arma de fogo reacende debate sobre segurança na UFAM

Histórico de furtos e assaltos reforça sensação de insegurança na universidade.

Escrito por
Yasmin Siqueira
March 21, 2025
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Foto: Divulgação / UFAM

Na tarde de ontem (20/03) um jovem, supostamente armado, foi flagrado circulando pelo campus da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), na Avenida Rodrigo Otávio, bairro Japiim, na zona sul da capital. O incidente, registrado em vídeo por estudantes, rapidamente viralizou nas redes sociais, espalhando medo entre alunos, professores e funcionários da instituição.

O jovem foi visto por volta do meio-dia portando o que parecia ser uma arma de fogo. Mesmo com a comoção gerada, ele permaneceu no campus por algumas horas e saiu tranquilamente ao embarcar em um ônibus. Antes de deixar o local, ele colou um cartaz com símbolos que misturavam referências religiosas e uma suástica nazista, levantando suspeitas sobre possíveis motivações extremistas. A universidade, até o momento, não se pronunciou oficialmente sobre o caso, e também não há confirmação se a arma era real ou de brinquedo.

O episódio reacendeu debates sobre a segurança dentro do campus, que já tem um histórico de furtos, assaltos e violência. Para muitos estudantes, a sensação de insegurança só cresce diante da ausência de medidas efetivas para proteção da comunidade acadêmica.

Insegurança

A UFAM possui uma área de mata que corresponde a 600 hectares, com poucos pontos de vigilância e controle de acesso. Essa estrutura facilita a entrada de qualquer pessoa, sem necessidade de identificação. Para os alunos, essa vulnerabilidade contribui para a crimes dentro da instituição.

O estudante de Ciências Sociais Jonas Belchior lamenta a falta de um sistema eficiente de segurança.

“Os vigilantes fazem um bom trabalho protegendo o patrimônio, mas a segurança dos alunos e servidores é praticamente inexistente. O campus é aberto, qualquer um pode entrar, e isso nos deixa vulneráveis”, afirmou.

Jhon Guedes, estudante de História, compartilha da mesma opinião.

“Não há controle de entrada e saída, e não existe uma política de segurança voltada para os alunos. Investimentos nessas áreas poderiam minimizar os problemas, mas, até agora, nada foi feito”, criticou.

Outro ponto é a falta de policiamento. Victor Lemos, ex-aluno da universidade, relembra que os assaltos são frequentes nos arredores e dentro da instituição.

“Os guardas armados da iniciativa privada ficam apenas dentro dos prédios. Mas há trechos de mata entre os setores norte e sul onde não há qualquer vigilância. Muitos alunos já foram assaltados ali e na parada de ônibus. A Polícia Militar até tentou reforçar a segurança colocando uma viatura na escola em frente à universidade, mas os assaltos ocorriam nos momentos em que a viatura não estava presente”, recorda.

Histórico de assaltos e furtos

Em 2022, uma onda de assaltos dentro dos ônibus que atendem a universidade causou pânico entre os estudantes. Em apenas um mês, entre outubro e novembro, foram registrados 18 assaltos dentro do campus ou em seu entorno. Em um dos casos, um estudante chegou a pular de um ônibus em movimento para escapar de criminosos.

A insegurança também atinge os estacionamentos da instituição. Em novembro de 2024, dois estudantes tiveram seus carros arrombados e pertences roubados.  Outro aluno, do curso de Direito, teve a porta do carro danificada durante um furto. O prejuízo ultrapassou R$ 3 mil reais.

Em fevereiro deste ano, criminosos furtaram pneus de veículos no estacionamento do Instituto de Ciências Exatas (ICE), o que gerou revolta entre alunos e professores. A falta de câmeras e vigilância nesses locais tem facilitado a ação dos criminosos.

Quem é responsável pela segurança da UFAM?

Apesar de cobranças por ações da Polícia Militar, a responsabilidade legal pelo policiamento dentro da universidade é da Polícia Federal, dada a natureza da instituição. No passado, houveram tentativas da PM de atuar na segurança da UFAM, mas uma onda de críticas dos servidores impediram a atuação da força estadual.

Com isso, as viaturas da PM apenas patrulham o entorno da universidade, mas não podem entrar no campus. Essa situação faz com que o local permaneça vulnerável, com episódios recorrentes de violência.

O Diário da Capital encaminhou questionamentos à assessoria da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), mas não obteve resposta, a identidade do jovem que aparece nos vídeos ainda não foi divulgada. O espaço segue aberto para manifestação.

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