Nesta quinta-feira (9/10), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em 12 meses, o índice acumulou alta de 5,17%, acima do teto da meta do governo, que é de 4,5%. O resultado de setembro, de 0,56%, é o maior para o mês desde março.
O grupo habitação foi o principal responsável pela pressão nos preços, registrando alta de 2,97%, com impacto de 0,45 ponto percentual (p.p.) no IPCA do mês. Dentro desse grupo, o subitem energia elétrica residencial, que havia caído 4,21% em agosto, subiu 10,31% em setembro, representando o maior impacto individual na inflação, de 0,41 p.p. Considerando apenas os meses de setembro, trata-se da maior alta do grupo habitação desde 1995, quando registrou variação de 4,51%.
Energia elétrica
Em 12 meses, a conta de luz acumula alta de 10,64%, refletindo o impacto do fim do Bônus Itaipu, das bandeiras tarifárias e dos reajustes aplicados por concessionárias em várias regiões do país.
A alta da conta de luz em setembro é explicada principalmente pela devolução do Bônus Itaipu, desconto concedido em agosto que beneficiou 80,8 milhões de consumidores. Sem o bônus, a fatura voltou a subir na comparação com o mês anterior. Além disso, a energia elétrica foi impactada pela vigência da bandeira tarifária vermelha patamar 2, que adicionou R$7,87 a cada 100 kWh consumidos.

De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o valor extra é destinado a custear a geração de energia em usinas termelétricas, que possuem custo mais elevado que as hidrelétricas, especialmente em períodos de baixa nos reservatórios.
O gerente da pesquisa do IBGE, Fernando Gonçalves, ressalta que, se o subitem energia elétrica fosse excluído do cálculo do IPCA em setembro, a inflação do mês teria sido de apenas 0,08%, evidenciando o peso significativo do setor na alta de preços.
Para outubro, a Aneel definiu a bandeira vermelha patamar 1, com adicional de R$4,46, o que deve reduzir a pressão sobre a inflação da conta de luz. Entretanto, Gonçalves alerta que reajustes tarifários aplicados por concessionárias em cidades como São Paulo, Goiânia e Brasília podem modificar esse efeito.
Alimentos
Apesar da inflação geral ter avançado em setembro, o grupo alimentos e bebidas registrou a quarta queda consecutiva nos preços, recuando 0,26% no mês. Entre os principais itens com redução estão:
- Tomate (-11,52%)
- Cebola (-10,16%)
- Alho (-8,70%)
- Batata-inglesa (-8,55%)
- Arroz (-2,14%).
No acumulado dos quatro meses de queda, o grupo alimentação e bebidas recuou 1,17%. No ano, enquanto o IPCA geral sobe 3,64%, os alimentos apresentam alta média de 2,67%.

Índices da inflação
O índice de difusão, que mede o espalhamento da inflação, caiu de 57% em agosto para 52% em setembro, indicando que pouco mais da metade dos 377 produtos e serviços pesquisados pelo IBGE tiveram aumento de preços no mês.
O instituto também acompanha a inflação por dois grupos: serviços e monitorados. Os serviços, considerados um termômetro da demanda por bens e serviços na economia, subiram 0,13%. Já os preços monitorados pelo governo, como energia elétrica, transporte, planos de saúde, telefonia e combustíveis, tiveram alta de 1,87%.
Segundo Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa, a inflação de serviços é mais resistente, pois depende fortemente dos salários, e o país atualmente registra recordes de ocupação e rendimento dos trabalhadores.

Em setembro, dos nove grupos pesquisados pelo IBGE, três registraram deflação, com queda média dos preços, enquanto os demais apresentaram variação positiva. A habitação foi o grupo que mais pressionou o IPCA, contribuindo com 0,45 ponto porcentual.
- Comunicação: queda de 0,17% (impacto de −0,01 p.p.)
- Artigos de residência: queda de 0,40% (impacto de −0,01 p.p.)
- Alimentação e bebidas: queda de 0,26% (impacto de −0,06 p.p.)
- Habitação: alta de 2,97% (impacto de 0,45 p.p.)
- Vestuário: alta de 0,63% (impacto de 0,03 p.p.)
- Despesas pessoais: alta de 0,51% (impacto de 0,05 p.p.)
- Saúde e cuidados pessoais: alta de 0,17% (impacto de 0,02 p.p.)
- Educação: alta de 0,07% (impacto de 0,01 p.p.)
- Transportes: alta de 0,01% (impacto de 0 p.p.)
*Com informações Agência Brasil