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Indígenas realizam ritual e exibição do Oscar para celebrar filme ‘Ainda Estou Aqui’

Cerimônia especial acontece no Cine Aldeia, primeira sala de cinema em território indígena no Brasil.

Escrito por
Yasmin Siqueira
February 26, 2025
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Cine Aldeia, o primeiro cinema em território indígena do Brasil. - Fotos: Tácio Melo e Michael Dantas

Mostrando que a arte e o cinema envolvem diferentes povos, Indígenas da aldeia Inhaã-bé, na região metropolitana de Manaus, se preparam para celebrar a participação do filme brasileiro ‘Ainda Estou Aqui’ no Oscar 2025. A programação inclui um ritual tradicional, exibições cinematográficas e a transmissão ao vivo da premiação no Cine Aldeia, o primeiro cinema em território indígena do Brasil.

Fotos: Tácio Melo e Michael Dantas

O longa-metragem dirigido por Walter Salles concorre em três categorias: Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Filme e Melhor Atriz, com Fernanda Torres no papel principal. Com grandes chances de conquistar a primeira estatueta da história do Brasil, o filme tem mobilizado torcidas pelo país – e, no Amazonas, essa expectativa se traduz em um ritual especial para atrair boas energias.

Nesta sexta-feira (28), a partir das 18h, a pajé A-yá Kukamíria conduzirá o “Ritual da Vitória”, com defumação, danças e cantos para fortalecer a torcida pelo filme. Antes disso, das 16h às 18h, serão exibidos filmes produzidos na região, e após a celebração, a programação continua com mais sessões de produções locais.

No domingo (02), dia da premiação, o Cine Aldeia receberá convidados a partir das 17h, com a exibição do clássico Central do Brasil, que representou o país no Oscar fechado de 1999. A partir das 19h, os indígenas acompanharão a transmissão ao vivo do tapete vermelho e, às 20h, a cerimônia do Oscar 2025.

Representatividade

O evento é organizado pela produtora indígena Thaís Kokama, que enxerga a iniciativa como uma forma de reforçar a importância do cinema brasileiro e a luta dos povos originários. Ela destaca o impacto da história real retratada em ‘Ainda Estou Aqui’, que acompanha a trajetória da advogada Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres. Após enfrentar a repressão da ditadura militar nos anos 60, Eunice se tornou uma das principais defensoras dos direitos indígenas no Brasil.

“O filme é um testemunho vivo da resistência e da luta pela dignidade. Eunice Paiva dedicou sua vida à defesa dos povos originários, e isso nos inspira. O Oscar já é nosso!”, afirma Thaís.

À esquerda, Fernanda Torres, à direita, Eunice Paiva. – Foto: Reprodução/Internet

Cine Aldeia: o primeiro cinema indígena do Brasil

O Cine Aldeia nasceu como um projeto em 2019 e, em fevereiro deste ano, se tornou uma sala de exibição permanente graças ao apoio da Lei Paulo Gustavo. Além de exibir filmes, o espaço também promove oficinas de audiovisual e serve como locação para produções nacionais e internacionais.

Fotos: Tácio Melo e Michael Dantas

Construído no formato de uma oca tradicional, o cinema se destaca pela sustentabilidade: utiliza poltronas feitas de pneus reciclados e funciona com energia solar, tornando-se uma das primeiras salas ecologicamente corretas do país.

Programação

Sexta-feira (28/02)

16h – Sessões de filmes regionais

18h – Ritual indígena para a vitória no Oscar

19h30 – Retorno das exibições

Domingo (02/03)

17h às 19h – Exibição de Central do Brasil

19h às 20h – Tapete vermelho do Oscar (transmissão ao vivo)

20h – Início da cerimônia do Oscar 2025

O evento será fechado para pessoas indígenas convidadas pela produtora Thaís Kokama e para a imprensa.

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