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Grafiteira amazonense Chermie Ferreira propaga arte e raízes locais para além do Norte do país

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July 01, 2022
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<p>Da vontade de dar voz à arte nortista, especialmente feita por mulheres e indígenas, nasceu uma potência multitalentos que hoje exporta a cultura amazonense mundo afora. Natural de Manaus, descendente do povo Kokama e de família ribeirinha, a grafiteira e artista plástica Chermie Ferreira rompeu fronteiras e vem permeando espaços cada vez mais significativos no universo artístico, dentro e fora do Brasil. </p>

<p>Chermie - nome escolhido em homenagem a um peixe da região amazônica - está de malas prontas para representar o Amazonas na 5ª Bienal do Graffiti em São Paulo, no próximo dia 13 de julho, junto com outros 60 artistas de diversas partes do mundo. </p>

<p>"É de extrema importância essa visibilidade que o Binho Ribeiro, curador da Bienal, está dando, levando artistas mulheres do norte e indígenas para compor o quadro. O trabalho que vou levar é uma série de desenhos sobre mulheres lutadoras da Amazônia, quero representá-las tanto na tela como também no grafite. Uma das obras será a pintura da Vanda Ortega, uma grande liderança indígena do nosso estado", disse. </p>

<p>Ela, que também assina como Wira Tini (pássaro branco em Kokama), está alçando voos tão altos quanto os dos próprios pássaros retratados em muitas de suas telas e grafismos. </p>

<p>Também em julho, Chermie participa da 26ª Bienal do Livro como a idealizadora da primeira revista feminina de grafite no mundo, que será lançada durante o evento. Em agosto ela embarca para o interior de São Paulo, onde propaga a arte amazonense no Jacuba Graffiti em Hortolândia. Ainda no segundo semestre de 2022, Chermie participa do 9º Festival Concreto, um festival de muralismo no estado do Ceará. </p>

<p>O trabalho de Chermie, que reproduz os costumes e a vivência nortista, também pode ser conferido em Brasília (DF). Isso porque ela está entre os 11 brasileiros selecionados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por meio do Instituto Justiça e Cidadania (IJC), para produzir ilustrações em grafite sobre “Liberdade”, na Praça dos Três Poderes, em Brasília. </p>

<h2>Luta por igualdade</h2>

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<figure class="wp-block-image alignleft size-full is-resized"><img src="https://diariodacapital.com/wp-content/uploads/2022/07/C83EE135-FEC5-41A6-9D91-B17977796D4F.png" alt="" class="wp-image-3789" width="275" height="459"/></figure>

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<p>Mãe solo de duas meninas, Chermie, que grafita desde os 16 anos e atualmente tem 34, sempre buscou direcionar o trabalho para a valorização da luta das mulheres e povos originários. Utilizando a arte como ferramenta de conscientização e geração de renda para si e outras mulheres, ela combate o preconceito, característico no meio em que atua. </p>

<p>"Infelizmente a gente ainda vive em uma sociedade machista e patriarcal, que invisibiliza as mulheres em qualquer atividade. O grafite ainda é visto no Brasil como uma atividade masculina, sendo que temos uma grande parcela de mulheres trabalhando nessa arte. Tanto que eu organizo dois festivais internacionais de grafite, mas ainda estamos em uma sociedade que muitas vezes desencoraja as mulheres", avalia. </p>

<p>A artista é idealizadora do 1° Festival de Graffiti Feminino da Região Norte; e criadora do Graffiti Queens, uma plataforma de divulgação digital do trabalho de mulheres. </p>

<p>Wira Tini também teve a iniciativa de organizar, em 2018, o 1º Festival Internacional de Graffiti Feminino, em São Paulo. E no ano passado promoveu o Festival Yapai Waina (levanta mulher, em kokama), evento voltado às artistas plásticas do Amazonas, realizado em Presidente Figueiredo (a 117 quilômetros de Manaus). </p>

<p>"Compreendo que o grafite é um meio de lutar pela vida das mulheres, pela Amazônia, sei que sou referência para outras mulheres e isso me faz prosseguir. Acredito que meu trabalho incentiva muitas mulheres a não parar", considerou Chermie. </p>

<h2>Em solo amazonense</h2>

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<figure class="wp-block-image aligncenter size-large"><img src="https://diariodacapital.com/wp-content/uploads/2022/07/16C8C8FE-18C9-4062-9552-AB1CF0383468-1024x761.jpeg" alt="" class="wp-image-3790"/></figure>

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<p>No Amazonas, a artista está organizando uma oficina de grafite voltada para povos indígenas. </p>

<p>Além disso, Chermie está em cartaz até o dia 29 de julho com a exposição “Mama Tuyuka” (Mãe Terra para o povo Kokama), promovida pelo Sesc Amazonas. O trabalho pode ser visto na Galeria Moacir Andrade, que tem entrada gratuita. </p>

<p>"Agradeço a todos que acompanham meu trabalho. É importante a gente divulgar artistas da nossa região, para que se tornem grandes referências nacionais e mundiais. Quando esses artistas explodem mundialmente, também vão estar levando o nosso estado", afirmou Chermie. </p>

<p>Nas redes sociais, Chermie/Wira Tini se torna @ruido.das.aguas. Na página do Instagram a artista expõe parte de suas obras, que impulsionam o movimento da arte urbana em diversos estados brasileiras.</p>

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