O engenheiro apontado por projetar e supervisionar o túnel que permitiu o histórico furto de R$ 164 milhões dos cofres do Banco Central, em Fortaleza, no ano de 2005, foi preso por policiais civis no interior de São Paulo. Marcos Rogério, conhecido como "Bocão" e "Cabeção", estava foragido há 12 anos e foi capturado nesta sexta-feira, (1ª).
A prisão ocorreu no estacionamento de um shopping center em Sorocaba (a 99 km de SP) com o apoio de equipes da 1ª Delegacia de Patrimônio (Investigações sobre Roubo e Latrocínio). Segundo a Polícia Civil, não houve resistência à prisão.
Rogério havia sido preso em 2007, mas foi resgatado da penitenciária IPPOO 2 (Instituto Penal Professor Olavo Oliveira 2), em Itaitinga (CE), por um grupo fortemente armado, em fevereiro de 2011. Ele foi resgatado da cadeia por um grupo armado, junto com outro acusado do assalto ao Banco Central e mais oito presos.
Mas, a partir de investigações do setor de inteligência do Deic, a polícia passou a apurar informações de que o procurado estava frequentando um imóvel na cidade de Salto, município vizinho de Sorocaba. Ele passou a ser monitorado até ser encontrado em um shopping localizado no bairro no Parque Reserva Fazenda Imperial.
Curiosamente, Rogério foi preso em 2007 em um shopping center de São Paulo. Ele acabou surpreendido pela polícia quando passeava com a mulher e dois filhos pelo shopping Villa Lobos, na zona oeste da capital paulista. Na época, ele negou a participação no crime.
O preso foi levado para a sede do Deic na região do Carandiru, zona norte de São Paulo, em um carro descaracterizado da polícia. Os policiais também cumpriram mandado de busca e apreensão no imóvel em um condomínio de Salto, onde morava a companheira do homem preso.
Rogério foi condenado pela Justiça Federal cearense a 49 anos de prisão. Ele estava na lista de procurados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará. De acordo com a pasta, ele tem três mandados de prisão em aberto e tem envolvimento em homicídio.
Na Justiça Federal do Ceará, ele foi condenado por furto, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e uso de documento falso com pena inicial de 49 anos e 2 meses. Ele ainda respondia a outro processo por lavagem de dinheiro.
Relembre o histórico caso
Mais de 30 pessoas participaram do histórico assalto, quando ladrões surpreenderam a polícia por sua engenhosidade.
A quadrilha invadiu a caixa-forte do banco por meio de um túnel cavado a partir de uma casa da região. O imóvel foi reformado e as escavações ocorriam sob a fachada de uma empresa de gramas sintéticas, o que justificava a saída de terra.
O túnel usado tinha cerca de 80 metros de extensão e era revestido de madeira e lona plástica. Ele contava ainda com sistemas de iluminação elétrica e ventilação. Quando atingiram a caixa-forte, os ladrões ainda perfuraram o piso de 1,1 metro de espessura.
O valor do furto foi calculado em R$ 164 milhões na época. Agora, o montante corrigido pelo Índice de Preços ao Consumidor (INPC) atinge a cifra de R$ 442 milhões.
A ação cinematográfica do bando foi parar nos cinemas em 2011. O filme "Assalto ao Banco Central" contou os bastidores da ação criminosa. No ano passado, a Netflix produziu um documentário, "3 Toneladas - Assalto ao Banco Central", com três episódios.