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Facções vs. milícias: a disputa pelo controle das rotas fluviais na Amazônia

A complexidade geográfica dos rios amazônicos dificulta as ações de combate ao tráfico

Escrito por
Redação
March 04, 2024
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Foto: Silas Laurentino / Divulgação

Na Amazônia, a disputa pelo controle das principais rotas fluviais para transporte de drogas e armas se intensifica entre facções como Comando Vermelho, PCC e milícias paramilitares. Em 2023, apreensões significativas foram registradas, totalizando 14,2 toneladas de entorpecentes no Amazonas e 3,9 toneladas no Pará, segundo o jornal O Estado de São Paulo.

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A região de fronteira do Amazonas com Peru e Colômbia, os maiores produtores mundiais de drogas, torna inevitável o trânsito de entorpecentes pelo estado, muitas vezes em embarcações adaptadas para confrontos com policiais. Recentemente, pescadores encontraram um submarino em São Caetano de Odivelas, Pará, levantando suspeitas de uso para o tráfico.

A Polícia Federal investiga o caso, que representa o segundo registro de submarino para tráfico no Pará. Em 2015, um semissubmersível de 17 metros foi descoberto próximo a Vigia, com capacidade para transportar 20 toneladas de drogas.

A complexidade geográfica dos rios amazônicos dificulta as ações de combate ao tráfico. Bruno Fraga, delegado da Polícia Civil do Amazonas, destaca as dificuldades. "A logística de ações táticas nos rios é bastante complicada, pela extensão deles. Os traficantes fazem a maior parte do transporte de madrugada, e a visibilidade é quase zero".

Quando confrontados, os traficantes não hesitam em usar violência. Em uma operação em 2023, policiais civis trocaram tiros com traficantes, apreendendo duas toneladas de drogas, fuzis e munições no Rio Solimões.

Além das organizações criminosas, investigações apontam para o envolvimento de agentes públicos no tráfico, seja diretamente ou por meio de acobertamento e extorsão. Igor Starling, promotor do Ministério Público, destaca a atuação de grupos paramilitares, conhecidos como "narcomilícias", que apreendem cargas de droga das facções em abordagens e as vendem ou devolvem após pagamento.

O pesquisador da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Fábio Candotti, ressalta a necessidade de encontrar modelos sociais onde droga, garimpo e pesca ilegal não sejam tão atrativos, criticando o investimento em segurança pública envolvida em investigações por narcotráfico e garimpo.

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