Cultura

Espetáculo “Eu Capitu” estreia com releitura contemporânea de Dom Casmurro em Manaus; veja programação 

As apresentações serão gratuitas nos dias 25 e 26 de outubro no Teatro da Instalação, e abordarão violência de gênero, machismo e silenciamento feminino

Escrito por Redação
18 de outubro de 2025
Foto: Divulgação / Assessoria de Imprensa

Nos dias 25 e 26 de outubro, pela primeira vez em Manaus, o espetáculo “Eu Capitu” será apresentado gratuitamente às 19h30, no Teatro da Instalação, localizado na Rua Frei José dos Inocentes, Centro da capital. O clássico Dom Casmurro, de Machado de Assis, ganha uma releitura inédita e o espetáculo será apresentado em nove capitais brasileiras. Os ingressos poderão ser retirados na bilheteria do teatro 1h antes de cada sessão. 

“Eu Capitu” foi aprovado na Seleção Petrobras Cultural e conta com recursos através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, do Ministério da Cultura. Durante a turnê, a peça, oriunda do Rio de Janeiro, foi apresentada em São Luís, Rio Branco, Porto Velho, Salvador e Fortaleza e agora finaliza a circulação em Manaus

O espetáculo apresenta uma interpretação contemporânea de Dom Casmurro, revisitando o clássico da literatura brasileira sob uma perspectiva feminina. A peça aborda temas atuais, como:

  • violência de gênero;
  • relacionamentos abusivos;
  • machismo;
  • silenciamento feminino na sociedade contemporânea. 
Foto: Divulgação/Assessoria de Imprensa 

Em Manaus, o espetáculo será apresentado em duas sessões abertas ao público, nos dias 25 e 26 de outubro, às 19h30, no Teatro da Instalação. 

  • Sábado, 25 de outubro, às 19h30: sessão seguida de roda de conversa com o público; 
  • Domingo, 26 de outubro, às 19h30: sessão acessível, com audiodescrição e tradução em Libras.

Os ingressos poderão ser retirados na bilheteria do teatro, com uma hora de antecedência de cada sessão. A classificação indicativa é de 14 anos, e a duração aproximada é de 90 minutos.  

Origem de “Eu Capitu”

A peça foi idealizada pelo produtor Felipe Valle, após testemunhar indiretamente um episódio de violência doméstica em que não conseguiu intervir e teve a denúncia recusada pela polícia. O sentimento de impotência o levou intuitivamente a pensar em ‘Dom Casmurro’.

Com texto de Carla Faour e direção de Miwa Yanagizawa, a peça é conduzida pela trajetória de Ana (Mika Makino), uma menina prestes a entrar na adolescência que busca refúgio em seu mundo imaginário para escapar do ambiente de violência doméstica em que vive. Sua mãe, Leninha (Flávia Pyramo), enfrenta um relacionamento abusivo, situação que impacta diretamente a vida da filha.

Obrigada a estudar Dom Casmurro para uma prova decisiva, Ana encontra no romance pontos de contato com sua realidade. É nesse cruzamento entre ficção e vida que surge em cena Capitu, figura icônica da literatura brasileira, agora livre para falar em primeira pessoa.

Ao reler o livro com os olhos de agora, Valle percebeu toda a violência contida naquele clássico e resolveu trazê-lo para os palcos do teatro brasileiro pelo olhar feminino. Segundo ele, o convite para a direção, escrita e encenação não foi por acaso. São as mulheres que darão vida a esta história tão atual e eterna, repleta de nuances, simbolismos e das manifestações de machismo presentes em nosso cotidiano. 

Foto: Divulgação/Assessoria de Imprensa 

Para Miwa Yanagizawa, diretora artística, o palco é um espaço de reflexão, onde o público é convidado a olhar a realidade sob novas perspectivas e participar da narrativa. 

“Para nós interessa instigar o olhar da plateia, convidá-la a imaginar outras possibilidades narrativas, tomar consciência das coisas se valendo de mais de uma perspectiva. Portanto, juntas, levantamos questionamentos e nos apropriamos deles para desdobrá-los ao invés de buscar soluções definitivas”, ressaltou. 

Em “Eu Capitu”, a dureza da realidade é tratada com delicadeza e sensibilidade, uma escolha consciente da autora Carla Faour, que buscou traduzir a dor em arte.

“Logo de início, entendi que não queria uma peça realista. Se o assunto era muito duro e pesado, eu queria falar de uma forma doce e lúdica com a criação de um universo simbólico e metafórico”, resume Carla Faour, que chama a atenção pelo fato de a peça dar voz a mulheres em um mundo que tem a narrativa masculina, seja na política, nas artes, na história ou nas famílias.

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