A dengue não é nenhuma novidade no Brasil, onde as epidemias da doença são datadas desde os anos 1980. No entanto, a alta de casos e mortes pela doença no país nos últimos meses tem causado preocupação na população, em profissionais da saúde e nos governos.
Só nestes dois primeiros meses de 2024, o país já a ultrapassou a marca de 600 mil casos suspeitos, com 122 óbitos confirmados. Atualmente as regiões Centro-Oeste e Sudeste lideram o ranking de ocorrências, com alguns estados declarando estado de epidemia.
Até agora, o ano com a maior incidência de dengue, registrada, no Brasil foi 2015, com 1.688.688 casos suspeitos. Pesquisadores preveem que 2024 possa ultrapassar esse número.
NO AMAZONAS
De acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), entre janeiro e fevereiro de 2024, o estado registrou 11.422 casos suspeitos de arboviroses, dos quais 1.915 foram confirmados como dengue – com quatro óbitos em investigação.
Na lista de municípios do Amazonas com maior quantidade de casos notificados para arboviroses estão Manaus, Tefé, Manacapuru, Lábrea, Coari, Iranduba, Carauari, Tonantins, Envira e Presidente Figueiredo.
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REAPRENDENDO A DENGUE
De acordo com o Ministério da Saúde, a dengue é uma doença febril aguda, sistêmica, dinâmica, debilitante e autolimitada, classificada como “arbovirose”, que se caracteriza pela transmissão de vírus através de vetores artrópodes. O vírus da dengue é o DENV, e seu vetor é a fêmea do mosquito Aedes aegypti.
A primeira epidemia documentada da doença ocorreu entre 1981 e 1982, em Boa Vista (RR). Depois, em 1986, foi a vez do Rio de Janeiro e algumas capitais do Nordeste. Desde então a ocorrência da doença no Brasil intercala entre grandes e pequenos surtos, principalmente entre os meses de outubro a maio.
SINTOMAS, TRANTAMENTO E PREVENÇÃO
Os sintomas iniciais da dengue são febre alta (39°C a 40°C), dor de cabeça, fraqueza, dor atrás dos olhos, dor muscular e/ou nas articulações, e aparecimento de manchas vermelhas pelo corpo.
Outros sintomas, quando a doença progride para quadros mais graves, são dor abdominal intensa e contínua, vômito, acúmulo de líquido em cavidades corporais, pressão baixa, letargia e/ou irritabilidade, aumento do tamanho do fígado e sangramento de mucosa.
Não existe um tratamento específico contra a doença, mas a orientação médica é repouso, ingestão de líquidos e evitar automedicamento. Por esse motivo, a melhor forma de lutar contra a dengue é evitá-la.
Para isso, é essencial que a população não deixe o vetor proliferar-se, adotando medidas como o uso de repelentes, telas nas janelas, vedação de reservatórios e caixas de água, desobstrução de calhas, lajes e ralos, remoção de recipientes nos domicílios que possam transformar-se em criadouros de mosquitos.
Em campanhas do passado, era comum orientar que em pratinhos de vasos de planta fosse colocada areia, atualmente o recomendado é evitar a utilização desses pratos, já que muitas espécies acumulam líquido e, mesmo com areia, a água pode ficar acima do nível e, ainda assim, torna-se um local propício para mosquitos.
ESTE MEDICAMENTO É CONTRAINDICADO...
...em caso de suspeita de dengue. Com certeza você já ouviu essa frase e, talvez, muitas vezes deixou passar batido. Mas é importante estar ciente, já que, o uso de alguns remédios pode agravar o quadro da doença com hemorragias.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM), entre os medicamentos que devem ser evitados estão antibióticos; ivermectina; anti-inflamatórios como a aspirina, ibuprofeno e naproxeno; e corticoides, como prednisona e prednisolona.
Um dos poucos indicados para auxiliar no tratamento são dipirona e paracetamol, por não interferirem na coagulação do sangue.
EXISTE VACINA
Em 2015, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a comercialização da Dengvaxia, primeira vacina desenvolvida contra a dengue, de origem francesa. O imunizante, no entanto, é recomendado apenas para quem já teve contato com a dengue e não é distribuído gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Já em 2016, o laboratório japonês Takeda Pharma deu início à produção de uma nova vacina, a QDenga, que foi aprovada pela Anvisa em 2023, e começou a ser aplicada neste mês de fevereiro em algumas partes do Brasil, exclusivamente através da rede pública de saúde.
No Amazonas, o imunizante chega a 12 cidades, sendo elas:
- Manaus
- Iranduba
- Presidente Figueiredo
- Rio Preto da Eva
- Barcelos
- São Gabriel da Cachoeira
- Careiro
- Nova Olinda do Norte
- Manaquiri
- Santa Isabel do Rio Negro
- Autazes
- Careiro da Várzea
O esquema vacinal será composto por duas doses, com intervalo de três meses entre elas.
No primeiro momento da campanha, serão vacinadas apenas crianças e adolescentes entre 10 e 11 anos, faixa etária que concentra maior número de hospitalização pela doença no país. Um público-alvo precisou ser estabelecido devido à baixa quantidade de doses disponibilizadas pelo laboratório - 757 mil no primeiro lote e 568 mil no segundo. Para 2025, o Ministério da Saúde já contratou 9 milhões de doses.
“A vacina é mais uma tecnologia, mas não podemos abrir mão dos outros cuidados com a doença. Ao longo dos anos, o Brasil continuará em busca de mais imunizantes e esperamos que outros produtores possam contribuir”, lembrou o diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Eder Gatti.
Atualmente o Brasil está desenvolvendo sua própria vacina, através no Instituto Butantan. O imunizante já apresentou eficácia de 79,6%, mas ainda precisa finalizar os ensaios clínicos e passar por processo regulatório antes de ser disponibilizada à população.