<p>Nos últimos cinco anos, a inflação oficial do Brasil cresceu de forma cada vez mais intensa. Em 2018, o IPCA registrado no país foi de 3,75% – taxa que saltou para 10,06% em 2021. Já nos 12 meses até março deste ano, chegou a 11,30%, indicando mais um ano de preços em disparada.</p>
<p>Com tanta inflação, de março de 2017 a março de 2022 o real perdeu 31,32% de seu valor e poder de compra. Em outras palavras, com o mesmo valor agora a gente consegue comprar apenas dois terços do que comprava naquele ano.</p>
<p>Essas porcentagens se refletem todos os dias na vida dos brasileiros, que encontram preços mais altos para os mesmos produtos e serviços. E a inflação afeta os orçamentos das famílias de maneira diferente de acordo com a faixa de renda.</p>
<p>Para as mais pobres, o aumento dos preços dos alimentos e do gás de cozinha consome boa parte da renda no início deste ano. Em pelo menos 11 capitais, apenas os itens da cesta básica já equivaliam a mais de 50% do salário mínimo em março. Já as famílias de renda alta sentiram muito os reajustes dos preços de transporte, puxados pelo aumento da gasolina. </p>
<h2>Por que 'sentimos mais' os aumentos</h2>
<p>O economista Fabio Louzada, analista CNPI e CEO da escola Eu Me Banco, explica que o brasileiro parece "sentir mais" o peso da inflação porque vivemos "o pior cenário em termos de inflação versus reajuste de salários."</p>
<p>"O brasileiro sente mais a inflação porque está nos produtos e serviços que a população mais consome no dia a dia: gasolina, gás de cozinha, alimentos, energia elétrica e aluguel. Complementando, vem o salário do consumidor que teve poucos reajustes nesse período, principalmente por conta da pandemia", explica Louzada. </p>
<blockquote class="wp-block-quote"><p>"Nos outros anos, por mais que a inflação subisse, os salários também subiam, então afetava um pouco menos o poder de compra."</p></blockquote>
<p>O aumento da inflação é explicado por fatores nacionais e internacionais, diz Louzada. "Quanto maior a instabilidade global, mais os investidores tiram dinheiro dos emergentes. A pandemia foi o principal fator nesse período, seguida da guerra na Ucrânia", diz. </p>
<p>Crise hídrica e fenômenos climáticos em 2021, que alongaram períodos de secas e cheias, também afetaram a produção de alimentos e energia elétrica, diminuindo a oferta de produtos no mercado.</p>
<p>Além disso, o "aperto monetário" feito pelo Banco Central, com aumento da taxa de juros, não está sendo de fato efetivo para reduzir a inflação, avalia Patrícia Campos, supervisora da área de preços do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). </p>
<blockquote class="wp-block-quote"><p>"A política adotada é o aumento da taxa de juros, mas <strong>ela não trata a inflação na sua causa porque a economia brasileira está parada</strong>", explica.</p></blockquote>
<h2>Famílias cortam gastos</h2>
<p>Os juros altos também afetam o poder de compra do brasileiro, que conseguem consumir menos produtos, já que os empréstimos também ficam mais caros. </p>
<p>Sentindo o poder de compra diminuir, mais de 60% da população teve que cortar gastos nos últimos seis meses, segundo uma pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) no final de abril. E mais de 30% teve que fazer cortes "grandes ou muito grandes" nas despesas.</p>
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<p>Fonte: <a href="https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/05/04/em-5-anos-real-perdeu-quase-30percent-de-seu-poder-de-compra.ghtml" target="_blank" rel="noreferrer noopener">g1</a></p>