Os presidentes Nicolás Maduro (Venezuela) e Irfaan Ali (Guiana) iniciam, ao meio-dia (horário de Brasília), o primeiro diálogo direto sobre o território de Essequibo, mediado pelo Brasil em São Vicente e Granadinas. A região, maior que a Inglaterra, foi anexada pela Guiana após um referendo, provocando ameaças de invasão e potencial conflito na fronteira com o Brasil.
O diálogo já se inicia com pouca disposição para concessões, conforme declarações recentes. O presidente guianês, Irfaan Ali, afirmou que não abordará Essequibo no encontro, enquanto Nicolás Maduro reitera a defesa do "direito legítimo" venezuelano sobre o território. O Brasil, representado pelo assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, atuará como observador.
Apesar das tensões, o encontro é visto como um primeiro passo para conter a escalada da crise, desencadeada pelo referendo venezuelano que aprovou a anexação de Essequibo. Após consultas com o presidente Lula, Maduro expressou a necessidade de dialogar com a Guiana, resultando no encontro mediado pelo Brasil.
A região de Essequibo é disputada há mais de um século, sendo controlada pela Guiana desde o final do século 19. A recente anexação, aprovada em referendo com participação de metade da população venezuelana, intensificou as tensões, inclusive com os EUA sobrevoando a área. A Corte Internacional de Justiça decidiu que a Venezuela não pode anexar Essequibo, mas a decisão final pode levar anos.
O diálogo, com observação de Celso Amorim e do primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, busca uma solução prática para a disputa. No entanto, a reunião já começa com desafios, refletindo a complexidade do cenário geopolítico na América do Sul. O presidente Lula foi convidado, mas o Brasil optou por enviar seu representante. A Casa Branca procurou o governo brasileiro pedindo ajuda para acalmar a situação entre Venezuela e Guiana. O diálogo é encarado como um ponto de partida para o retorno às negociações diretas entre ambos os países.