Amazonas

Dia Nacional do Café: produção amazônica cresce e conquista espaço no Brasil e no mundo

Em alusão ao Dia Nacional do Café, celebrado neste 24 de maio, o Diário da Capital apresenta um panorama da cafeicultura no Amazonas que deve atingir 2,2 mil toneladas em 2025

Escrito por Yasmin Siqueira
24 de maio de 2025
Arquivo Pessoal e Idam

Da plantação à xícara do amazonense, o cultivo de café vem se consolidando no agronegócio local. Embora o Amazonas ainda não figure entre os grandes produtores nacionais, a cafeicultura regional cresce de forma consistente e sustentável. A valorização do grão no mercado internacional, com sacas chegando a ser vendidas por até R$ 2 mil, tem atraído o interesse de novos produtores.

Segundo o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), a produção em 2025 deve alcançar 2,2 mil toneladas – um salto de 50% em relação a 2024, quando foram colhidas 1,5 mil toneladas de grãos.

Esse crescimento ocorre na contramão da projeção nacional, que estima queda de 4,4% na safra de café este ano. De acordo com o Idam, o avanço se deve ao aumento das áreas cultivadas, ao apoio técnico oferecido aos produtores e à valorização do grão no mercado internacional. 

Tradição no interior do Amazonas

Um dos exemplos desse avanço é a Fazenda Progresso, localizada no município de Rio Preto da Eva, na estrada AM-010, a cerca de 113 quilômetros de Manaus. A propriedade é gerida pela família Decares. A nossa equipe entrevistou Rafael Decares, engenheiro agrônomo e neto de Alfredo Decares, pioneiro na agricultura da região.

Alfredo Decares, fundador da Fazenda Progresso. — Foto: Fazenda Progresso

“A história da Fazenda Progresso começou há mais de 30 anos com meu avô, que sempre trabalhou com agricultura. Iniciamos com citros, como a laranja, depois expandimos para o açaí e há quatro anos começamos com o café. Hoje, ele já está se tornando nossa cultura principal”, contou Rafael à nossa equipe.

Atualmente, a fazenda possui 200 hectares cultivados, dos quais 15 são destinados ao café – número que deve aumentar nos próximos anos, já que novos 30 hectares foram recentemente plantados com a cultura. Em 2023, os oito hectares em produção renderam 400 sacas de café beneficiado (60 kg cada). Para 2024, a expectativa é dobrar esse volume, chegando a 800 sacas.

Café adaptado à floresta

O café produzido na Fazenda Progresso pertence à variedade Coffea canephora, mais conhecida como robusta. Mais especificamente, são os chamados “robustas amazônicos”, adaptados ao clima e solo da região. Segundo Rafael, essa variedade se destaca por sua rusticidade e pelo modo de plantio clonal – a partir de estacas, e não de sementes, como ocorre com o Coffea arabica.

“Como o nosso café é clonal, precisamos de uma diversidade de clones para garantir a polinização cruzada e uma boa produtividade. A Embrapa tem desenvolvido clones específicos para a região Norte, o que facilita nossa adaptação”, explicou o agrônomo.

Além das condições climáticas favoráveis – com alta umidade, luminosidade e temperatura –, a fazenda utiliza sistemas de irrigação para garantir produtividade mesmo durante o verão amazônico, quando há escassez de chuvas.

A produção da Fazenda Progresso já tem destino certo. Parte do café é vendida para grandes compradores, como a Três Corações, além de pequenos torradores em Manaus. Há também exportações para outras regiões do Brasil e do exterior. 

Futuro promissor

Mais do que uma simples lavoura, o café amazonense carrega a força de famílias como os Decares, que há décadas apostam na terra como meio de vida. “Eu me formei em agronomia justamente para continuar esse legado. Hoje trabalho com meu pai e meu avô na fazenda. Acreditamos no potencial do nosso solo e queremos contribuir para colocar o Amazonas no mapa da cafeicultura brasileira”, concluiu Rafael.

Matérias relacionadas

plugins premium WordPress