Neste 8 de abril é celebrado o Dia Mundial de Combate ao Câncer, além dos números, a data propõe um momento de reflexão e orientação à sociedade. Ela busca conscientizar sobre os sinais e sintomas da doença, reforçar a importância da prevenção e estimular hábitos saudáveis, como uma alimentação equilibrada e a prática regular de atividades físicas. Também destaca a necessidade de reduzir o consumo de bebidas alcoólicas e carnes processadas, evitar a exposição solar entre 10h e 16h e manter o peso corporal adequado.
Dados apontam que cerca de 5.450 novos casos de câncer devem ser esperados para o ano, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Os tipos mais frequentes no Amazonas são os cânceres do colo do útero, próstata, mama, estômago, pulmão e intestino, conforme levantamento da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon).
Para o ginecologista e mastologista Nilton Bessa, que acompanha há duas décadas pacientes com câncer ginecológico e de mama, a realidade ainda é desafiadora. “Em 20 anos de luta, infelizmente nada melhorou. Os números só aumentam. Ainda há muito desconhecimento e tabus que precisam ser enfrentados”, afirma.
Em entrevista ao Diário da Capital, o médico explicou que os tipos de câncer mais comuns no estado são os do colo do útero, mama, que atingem o público feminino. No caso do câncer do colo do útero, ele enfatiza que grande parte dos casos poderia ser evitada com vacinação e rastreamento eficaz. Segundo ele, a rede de apoio hospitalar e as ONGs especializadas cumprem papel essencial, mas a presença da família é um fator emocional fundamental para a adesão ao tratamento e o bem-estar do paciente.
O especialista reforça que o diagnóstico precoce pode salvar vidas. No caso do câncer do colo uterino, por exemplo, quando descoberto em estágio inicial, as chances de cura ultrapassam 90%. “Isso mostra como o diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença”, pontua. Sobre os hábitos que ajudam na prevenção, Bessa destaca a importância de manter uma alimentação saudável, praticar exercícios regularmente, evitar o álcool, o cigarro e a exposição prolongada ao sol. No entanto, ele acrescenta que a prevenção vai além do estilo de vida: “a chave está na epigenética, que é como o ambiente influencia os nossos genes. Ela pode tanto agravar quanto prevenir o câncer”.
Nilton Bessa também alerta para os tabus que ainda cercam a doença. Entre os mais preocupantes, ele cita o medo do diagnóstico, que ainda impede muitas pessoas de realizarem exames de rotina. Outro tabu perigoso é a crença de que o câncer é sempre uma sentença de morte. “Com acesso à informação e tratamento, esse cenário pode mudar”, completa.
Prevenção
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), ainda circulam muitos mitos e verdades sobre o tema. Um deles é que a alimentação saudável pode ajudar a prevenir o câncer — e isso é verdade. Uma dieta rica em alimentos naturais ou minimamente processados, especialmente os de origem vegetal, tem papel fundamental na redução do risco da doença. Por outro lado, a ideia de que existam alimentos milagrosos capazes de curar o câncer é um mito. Nenhum alimento tem esse poder isoladamente. O mais importante é a variedade na dieta, com frutas, legumes, verduras, grãos integrais, leguminosas, oleaginosas e alimentos coloridos no prato, que fornecem diferentes nutrientes protetores.
Outro ponto levantado pelo INCA é que, mesmo com a presença de resíduos de agrotóxicos, os benefícios do consumo de frutas, legumes e verduras superam os riscos. Esses alimentos são fontes importantes de vitaminas, fibras e compostos bioativos que ajudam na prevenção de diversos tipos de câncer. Sempre que possível, é recomendável optar por produtos orgânicos ou agroecológicos, mas, se isso não for viável, não se deve deixar de consumir esses alimentos essenciais.
Sobre o uso do micro-ondas, há o mito de que o aparelho pode causar câncer. A verdade é que, se utilizado corretamente e em bom estado de conservação, ele não representa risco à saúde. A radiação emitida por ele é não ionizante e não altera a estrutura dos alimentos.
Outro aspecto fundamental na prevenção é a atividade física, que, segundo o INCA, tem efeito protetor, mesmo sem provocar perda de peso. Além de ajudar no controle do peso corporal, a prática de exercícios melhora o equilíbrio hormonal, reduz processos inflamatórios e fortalece a imunidade. Por fim, o excesso de gordura corporal também é um fator de risco importante. O acúmulo de gordura provoca alterações hormonais e inflamatórias que favorecem o surgimento e o desenvolvimento de diversos tipos de câncer, como os de mama, intestino, fígado, estômago, entre outros.
Neste Dia Mundial de Combate ao Câncer, a mensagem principal é clara: a doença pode ser prevenida, e, quando diagnosticada precocemente, tratada com sucesso. Informação, conscientização e hábitos saudáveis são as principais armas na luta contra o câncer.
