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Dia Mundial da Água: desafios do saneamento básico em Manaus ainda persistem

Apesar de avanços, como o programa "Trata Bem Manaus", a cidade ainda enfrenta dificuldades com a coleta de esgoto, que apresenta dados divergentes sobre a cobertura real do serviço.

Escrito por
Clara Gentil
March 22, 2025
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Foto: Valter Calheiros e Divulgação / Águas de Manaus

Comemorado neste sábado, dia 22 de março, o Dia Mundial da Água destaca os desafios que Manaus ainda enfrenta no setor de saneamento básico. De acordo com o Ranking do Saneamento 2024, do Instituto Trata Brasil, a capital amazonense ocupa a 86ª posição entre 100 cidades no quesito coleta urbana de esgoto, figurando entre os 12 municípios com os piores índices de coleta.

Ainda conforme os dados do ranking, Manaus possui apenas 26,09% de cobertura de coleta de esgoto, índice semelhante ao de Maceió (PE) e Rio Branco (AC). 

No entanto, há controvérsias sobre a real cobertura de saneamento na cidade. A Águas de Manaus, empresa responsável pelos serviços de água e esgoto desde 2018, afirma que atualmente cerca de 34% do esgoto da capital é tratado.

Em nota ao Diário da Capital, a concessionária informou que esses dados podem variar devido à metodologia utilizada na coleta de informações. Além disso, destacou que o sistema de esgotamento sanitário está em expansão, com a previsão de alcançar maior cobertura até 2025.

“O sistema de esgotamento sanitário está em expansão, com previsão de alcançar 46% de cobertura até o fim de 2025”, disse. 

Impacto na saúde e meio ambiente

Para o biólogo André Menezes, a falta de saneamento básico na capital amazonense impacta diretamente a qualidade de vida da população e o meio ambiente. Com a água imprópria para consumo e banho, existem riscos ambientais perigosos para a humanidade, além da bacia hidrográfica, fauna e flora. 

“A água não tratada que é diretamente jogada nos igarapés, faz com que estejamos expostos a riscos ambientais pois essa água passará por um processo de decomposição da matéria orgânica liberada pelos esgotos domésticos, proliferando assim bactérias de origem fecal, microorganismos patogênicos causadores de diversas doenças, deixando a oxigenação da água dos rios extremamente baixa, prejudicando assim toda a vida aquática, deixando a água imprópria para o consumo e o banho”, explicou.

Foto: Valter Calheiros

Menezes afirma ainda que a falta de tratamento de esgoto adequado agrava a saúde pública, aumentando casos de doenças evitáveis e sobrecarregando o sistema. 

“Isso impacta diretamente também na quantidade de pessoas que acaba tendo que recorrer às unidades de saúde pública, UBS, pois superlotam um sistema que já é bastante deficiente com doenças que seriam evitadas se tivéssemos o tratamento de esgoto e da água que é consumida pela população”, disse. 

Investimentos 

Com objetivo de universalizar os serviços de coleta e tratamento de esgoto, a concessionária Águas de Manaus lançou, no ano passado, o programa ‘Trata Bem Manaus’, com investimento de R$ 2 bilhões até 2033. 

“Programa voltado para a universalização dos serviços de coleta e tratamento de esgoto, que devem chegar a 90% da população da cidade em menos de dez anos”, afirmou em nota. 

Foto: Divulgação / Águas de Manaus 

De acordo com a empresa, o projeto prevê a implantação de mais de 2,7 milhões de metros de redes coletoras de esgoto nos próximos anos. Além disso, serão realizadas obras para implantação e ampliação de pelo menos 70 Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs), distribuídas em toda a cidade.

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