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Dia da Mulher: conheça a trajetória de lideranças femininas que fazem história na arte e ciência do Amazonas

O Diário da Capital entrevistou lideranças femininas com trajetórias inspiradoras, que continuam quebrando barreiras e escrevendo a história.

Escrito por
Clara Gentil
March 08, 2025
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Foto: Divulgação

O Dia Internacional da Mulher, comemorado neste sábado, 8 de março, reforça a luta por igualdade em áreas como arte e ciência. Apesar dos avanços, ainda persistem grandes desafios no Brasil: apenas 30% dos cientistas são mulheres, com uma participação ainda menor em cargos de liderança, segundo a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). 

Nas artes, o cenário também preocupa, como mostra um levantamento do MASP de 2017, que revelou que apenas 6% das obras em exposição no museu são de autoria feminina, enquanto 60% das pinturas com nus retratam o corpo feminino. 

O Diário da Capital entrevistou lideranças femininas com trajetórias inspiradoras, que continuam quebrando barreiras e escrevendo a história no Amazonas. 

Força feminina através da arte

A artista Hadna Abreu desenha, pinta, modela e ilustra utilizando a técnica da Arte Cinética. Licenciada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), ela é o primeiro nome a ser citado quando se trata de misturar arte e tecnologia no Amazonas. 

Hadna Abreu, artista e liderança feminina da Manart. — Foto: Divulgação 

Seu trabalho reflete não apenas a técnica, mas também sua vivência como mulher na arte, trazendo à tona questões de gênero e identidade.

“Muitas vezes, preciso refletir como mulher e expressar isso no papel, colocando minhas ideias e sentimentos como mulher. Isso é muito importante para mim, pois a expressão do que sentimos e pensamos vem de tudo o que vivemos como mulheres”, disse Hadna em entrevista ao Diário da Capital.

A artista também está à frente da Galeria Manart, fundada em 2021, com o objetivo de impulsionar a economia criativa da Amazônia. Para ela, a liderança feminina traz um olhar mais atento ao fortalecimento da atuação de artistas mulheres. 

A Manart é uma galeria de artes idealizada por duas mulheres e que trabalha com economia criativa e fortalece o trabalho de artistas mulheres. E termos duas mulheres na gerência, deixa tudo mais delicado. Tudo muito mais feito aos detalhes né, atentas aos detalhes”, disse.  

Sob a curadoria de Hadna, a exposição é denominada ‘Mulher-folha’ e reúne os trabalhos de cinco artistas visuais mulheres: Andréia da Silva, Gisele Riker, Hadna Abreu, Mia Montreal, Rakel Caminha e a chef Débora Shornik, no restaurante Caxiri, no Centro de Manaus. A exposição deve permanecer no espaço até final de março.

Liderança feminina na ciência

Se na arte Hadna Abreu abre caminho para mais mulheres, na ciência Márcia Perales muda paradigmas sociais. A amazonense, mestre e doutora em serviço social, fez história ao se tornar a primeira e, até o momento, única mulher a assumir a reitoria da Universidade Federal do Amazonas, a mais antiga do país. Márcia liderou a instituição de 2009 a 2017.

Márcia Perales, diretora-presidente da Fapeam. — Foto: Divulgação 

Atualmente, como Diretora-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Márcia destaca a persistente desigualdade de gênero na ciência. 

Nós temos vários dados mostrando que a discrepância estatística em relação à participação de homens e mulheres na ciência. Existia um perfil de pesquisadores apoiados para fazer mestrado e doutorado, ou seja: sempre quando nós chegávamos na qualificação de mestrandos, as mulheres eram maioria. Quando você ia para o ápice, que é o doutorado, nós tínhamos uma inversão nesse gráfico. Então, as mulheres passavam para o segundo lugar e os homens sempre eram maioria. ”

Na tentativa de combater essa desigualdade, a Fapeam anunciou, no início deste ano, a abertura de novos editais de apoio a pesquisadoras do estado. A iniciativa, conduzida pela fundação, integra o movimento “Mulheres e Meninas na Ciência 2025” e busca fortalecer a participação feminina nas áreas de ciência, tecnologia e inovação.

Nós lançamos dois editais, todos exclusivos para mulheres. Um com abrangência estadual e o outro com abrangência voltada para os sessenta e um municípios, com objetivo de colocar mulheres na liderança de projetos, coordenando os projetos, atuando como protagonistas. Então nós alcançamos quarenta e oito municípios do estado onde nós temos projetos com mulheres coordenando as propostas que foram apresentadas e contratadas pela FAPEAM”, explicou. 

No Dia Internacional da Mulher, Hadna e Márcia compartilham um sonho em comum: a esperança de que outras mulheres persistam e não desistam dos próprios sonhos. 

Eu gostaria de destacar que toda mulher tem persistência. Nós não desistimos na primeira vez, a gente está acostumado com a dor, a gente consegue desviar de percalços, a gente consegue levantar muito bem de uma queda”, afirmou Hadna. 

Emocionada, Márcia afirma que as jovens pesquisadoras também podem atingir cargos de lideranças. 

“A gente quer que as nossas alunas vejam na gente uma forma de inspiração, eu acho que é isso, né? E, também, que elas sejam melhores que a gente, porque esse caminho inicial a gente construiu”, finalizou a diretora-presidente da Fapeam. 

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