Dos 24 deputados estaduais do Amazonas, apenas quatro criticaram as declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), após ele afirmar que políticos do Sul e do Sudeste criaram um consórcio para se opor politicamente ao Norte e Nordeste no Congresso Nacional. O mineiro é considerado ainda pré-candidato do campo da direita para a eleição presidencial de 2026.
Durante sessão plenária na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALEAM), desta terça-feira, 8, o deputado João Luiz (Republicanos) iniciou seu discurso repudiando a fala do mineiro e reiterou que é necessário ter “respeito com o Norte”. Ele, que é natural do Rio de Janeiro, pontuou ser inaceitável qualquer divisão no território nacional.
– Já começo fazendo repudio a fala do Governador de Minas Gerais, Romeu Zema, por incendiar o país com essa disputa de eles contra nós, de Sul e Sudeste contra Norte e Nordeste, causando mais divisão do que já está no nosso país. Nosso país não precisa de divisor, nosso país precisa de pacificador. Essas indiferenças precisam ser derrubadas. Precisa ter respeito com o Norte. Eu que sou oriundo do Sudeste, do Rio de Janeiro, em tempo algum vamos aceitar que tenha essa divisão no nosso país.
Na sequência, o deputado Rozenha (PMB) ressaltou que o governador de MG propõe uma separação elitista e preconceituosa, além de pôr em risco a Zona Franca de Manaus, caso Zema seja eleito como Presidente da República. “Na minha opinião Zema enterra de vez qualquer possibilidade de dirigir uma nação. Quem quer ser presidente não pode ter esse pensamento. Isso é ilegal, inconstitucional, fere cláusulas pétreas da constituição e acima de tudo fere de morte populações menos prestigiadas. Temos que colocar esse governador em observação, ele se mostra inimigo dos nortistas, inimigo dos nordestinos, logo com toda certeza será inimigo da Zona Franca de Manaus”.
As declarações de Zema também foram criticadas pelo presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), deputado Roberto Cidade (União Brasil). Através das redes sociais, o parlamentar destacou que o discurso estimula uma política separatista entre Norte/Nordeste em relação ao Sul/Sudeste.
– Lamentável a declaração do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que acaba estimulando uma política separatista entre Norte/Nordeste com Sul/Sudeste. O que o Brasil precisa, neste momento e sempre, é de união, fator imprescindível para se conquistar o desenvolvimento que tanto almejamos. Não é com antagonismo ou divisões. Precisamos fortalecer um Brasil democrático e com oportunidades para todos, independente da região onde vivem.
Já o deputado estadual Daniel Almeida (Avante), criticou pelas redes sociais, que além de sancionar a lei que aumentou o próprio salário em 298% no dia 5 de maio deste ano, o seu discurso coloca uma barreira entre as regiões. “Além de aumentar o próprio salário em 298%, o governador do MG, Zema, ainda prega a desunião do país, instigando uma parte do país contra o Nordeste”.
Entenda o caso
Em entrevista veiculada neste último sábado, 5, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), defendeu uma estruturação do Consórcio Sul-Sudeste (Cossud) para firmar uma aliança contra os estados do Norte e Nordeste. Na visão do governador, as unidades federativas estavam sendo tratadas de forma diferente e o grupo deve atuar em bloco no Congresso Nacional sempre que possível.
O governador fez queixas sobre como os estados "muito menores, em termos de economia e população", conseguem aprovações de projetos no Congresso. "Outras regiões do Brasil, com estados muito menores em termos de economia e população, se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos", afirmou.
Após a repercussão negativa, Eduardo Leite (PSDB), que governa o Rio Grande do Sul e preside o PSDB nacionalmente, tentou amenizar a declaração de Zema. Em suas redes sociais, Eduardo Leite disse que a junção entre os estados Sul e Sudeste é apenas para defender pautas econômicas em comum, porém que não deseja a polarização dos estados.